quarta-feira, 30 de abril de 2014

VOANDO PELO JARDIM DE POESIA


VOANDO 

PELO JARDIM DE POESIA


No aconchego às palavras sábias
Sinto a frescura imagética de ‘Primavera’
Que vejo a brotar em mim
E perco-me em letras várias.

Beijando o botão d’um tesouro,
Que desabrocha pelo dia ...

No florir a vida e voando pelo jardim
Como qualquer borboleta de verde ouro.

Vida que promete olor ‘rosa’ e solta-se
Pelo perfume tão jasmim,
Que embriaga a alma e consome o coração,
Numa melodia sem fim.

Nas folhas desta ‘Primavera’
Descanso e sonho ser princesa ao tempo,
Que me dá uma razão vera
De estar e ser poesia.

Na paisagem de gente a poetar,
Sinto a fertilidade, larva em mim,
Que desenvolve e confunde ao mar
Que banha as margens de infinito ar.

A ‘rosa murcha’ cede-se,
Ao viscoso e tão acetinado verde da ‘estação’,
Pétalas que se libertam e movem-se
Como quem quer e teima voar…

O voo sem destino ao universo,
Que na prosa e também em verso
Soletram as letras deste tempo,
Que aprendo a ler e escrever.

Encontro-me pela paz da alma, no azul de se ver,
Que envolve o coração de melodias de amar
E me prende pelas frases que ouso escrever,
Porque me deixam viver e sonhar.

® RÓ MAR


sábado, 26 de abril de 2014

GOSTO DE TI…! ENTÃO, PORQUÊ?




GOSTO DE TI…! 

ENTÃO, PORQUÊ?


Gosto de ti…! Então, porquê? Porque gosto!
Como assim…dizes que gostas de mim e não sabes de quê?
Para te amar não preciso de saber…
Sentir o teu sorriso é muito em mim.

Gosto de ti…! Então, porquê? Porque gosto!
Como assim…dizes que gostas de mim e não sabes o quê?
Não sei não, sei que és flor do meu jardim
E amo-te tal como amo a natureza…assim.

Gosto de ti…não dês tempo ao quê…olha-me
Nos olhos…o que vês?
Vejo o brilho do teu olhar.
E, gostas de mim…? Gosto de ti assim.

Porque gostas de mim? Não sei dizer…
Perdi-me ao teu sentir e nele quero estar
Não me faças pensar…ama-me.
Vês, encontramos todas as respostas a ser.

® RÓ MAR

POESIA




POESIA


Poesia todos a têm,
Uns a sentem outros não,
Enquanto somos vida
Também somos poesia
Poesia que nos move a alma 
E nos prestigia o coração.
Poesia não se condiciona apenas à rima,
Ela está para além do nosso ser,
Poesia somos nós, é o universo 
E os sonhos que cabem nele. 

Poesia todos a têm 
Uns a conseguem exprimir outros não, 
Não porque não tenham sentimentos. 
Poesia é a tal coisa que os momentos 
Não se habilitam a decifrar, 
Aquela coisa que nem todos sabem ler. 
Não basta escrever verso, 
Nem poeta querer ser, 
É preciso viver nele 
Ter à ponta da língua a verve amar.

© RÓ MAR

sexta-feira, 25 de abril de 2014

NO MUNDO DA LUA




 NO MUNDO DA LUA


Planície do paraíso que se devora
Na noite, tule branco que se eleva
Ao magistral luar, lua cheia, ogiva
  Lilás, giz de amor, que se enamora.

Nas saudades voam-se as asas
Da madrugada, o semi- crepúsculo
Se faz luz nos beijos de sonho, óculo
De folhos que se deleita nas muralhas.

Ai, amor por que amuas quando
As nuvens se elevam, dá-te às claras
Janelas do coração, um mundo.

Quanta vez for necessário, o luar
Será lilás, azul também, giz de larvas
Que se conquistam pelos ares do amar.

® RÓ MAR


quinta-feira, 24 de abril de 2014

GOSTAVA DE TE TER POR PERTO…


  
Imagem- Bellissime Immagini


GOSTAVA DE TE TER POR PERTO…


Gostava de te ter por perto…
De sentir a maciez da tua pele…
De ver o teu bronzear ao umbigo
  E meu ventre calculado ao fervilhar mel…
Ser boca elevada ao teu olhar
E brilho das estrelas ao luar
Como se o amanhã fosse par.

Gostava de te ter por perto…
De caminhar pelo teu corpo às demoras…
Sentir os teus gostos ao meu tactear
E de aplaudir o teu coração
Com tantas pulsações e mui sabores
Que não mais se extinguiriam
Na avenida das nossas horas.

Gostava de te ter por perto…
Meu companheiro, grande amigo.
O mais que tanto quero semeio e digo
Enquanto não chegas e vou-me amando
Nas esperas que tu tanto prometes
De um amor que não tem fim…
Te aguardo no cantinho que é tão assim.

Gostava de te ter por perto…
Sei que o tempo tem volta em todos os amores
E o nosso amor é muito mais que tempo…
Somos o que fomos e todo o espaço-tempo
Que há-de ser para nos contemplar.
És meu e eu tua e o amanhã será enfim…
O todo amor que somos às demoras.

® RÓ MAR

terça-feira, 22 de abril de 2014

A ARTE


A ARTE


A arte mistura-se na paleta
E pincela-se na tela;
Nasce a obra, a aguarela
Que se inventa no seio do artista
E se cresce nas cores da vista;

Pelo sensorial consciente
Se deleitam as cores da natureza
Que amanhecem na tela
Que é a aurora d’arte;

São cravos, papoilas, lírios…
Uno momento,
Um campo de fogo e delírios;

Amarelos, vermelhos, violetas
E outros demais, quantas letras
Para soletrar neste fogo-de-artifício
À vida, quão belo oficio.

Unem-se os trovadores,
Os poetas, os artistas,
Os pintores…
Na paleta do pensamento
E se cresce pelo pincel o desejo…
Poesia, musica, pintura… o realejo;

As expressões de beleza
Que são a alma do artista
E o brasão de culturas -
A ARTE, uma surpresa.

© RÓ MAR


http://ro-mar-poesia-arte.blogspot.com

EROTICAMENTE TUA




EROTICAMENTE TUA


O corpo dança em véus de vento rubro ao luar…
Os mais belos instintos sobrevoam no olhar;
Os mais cálidos desejos ruborizam as faces;
Os mais ardentes ensejos perpetuam os lábios.

A alma voa ao infinito no escaldante sapatear,
Largos passos de magia ruborizam o ar...
Que se acende à labareda, clímaces
Do coração desnorteado pelos cios.

O coração… o compasso que se agita no amar,
Compulsivas pulsações exaltam o sôfrego
Desejo de ser tua… em pleno estado de aconchego
Se ramificam os desvarios pelo juncoso arfar.

São lufadas de ar fresco de aroma a cerejas
Que trazem no ventre a magia da agreste labareda;
Os mais nobres sentimentos… eroticamente tua… a alameda
Que se escorre no audaz e frutífero sumo, néctar que desejas.

© RÓ MAR

ÂMBAR & MEL


ÂMBAR & MEL 


Tocas-me com o teu doce olhar 
E meus lábios são mel, a saborear, 
Que dilatam na natureza o nosso amar. 

São rios de suave fragrância 
Que se deleitam nas línguas de esmerada essência, 
Lá bem rente ao céu vê-se o arco-íris em abundância. 

Águas doces e temperadas ao deliquar 
D’um sorriso que cresceu em nós, semente de germinar 
Que voa pela natureza nas asas âmbar. 

E, toco-te com o meu olhar e teus lábios são mel, 
Nossos corpos mistério âmbar que navega no batel 
Pelos rios que saciam os corações a granel. 

© RÓ MAR 


Imagem - R.D. Roy _ Open ArtGroup
Artist R.D.Roy was born in Kolkata, India. 

A POESIA É A ARTE DOS NOSSOS SENTIDOS



A POESIA É A ARTE 

DOS NOSSOS SENTIDOS


A poesia é a arte dos nossos sentidos
E com ela fazemos existir o amor...
A arte é a poesia dos nossos olhos
E com ela fazemos o mundo melhor.

A música é a arte aos nossos ouvidos
E com ela fazemos existir a vida…
A poesia é a vida que sentimos
E a arte que somos capaz de realizar.

Somos sempre os nossos sentidos
E seremos sempre arte a amar a vida.
Pelos caminhos da arte viajamos os olhos
E somos o que plantamos, poesia é raiz.

Poesia é alma, coração…
É um gesto, um olhar…
É mais que uma canção…
É a metamorfose que se vê feliz.

© RÓ MAR

domingo, 20 de abril de 2014

QUE O SOL DA ALMA TE ILUMINE O CAMINHO…


QUE O SOL DA ALMA 

TE ILUMINE O CAMINHO…


Que o Sol da alma te ilumine o caminho…
Com mui amor e carinho trago ao coração
O mundo bem pequeno, o meu tamanho,
Que é tão teu, o quanto basta para ser sonho.

Que o Sol da alma te ilumine o caminho…
Com mui amor e carinho trago à mão...
O girassol bem grande, o teu tamanho,
Que é mais que perfeito para te ver risonho.

Que o Sol da alma te ilumine o caminho…
Com mui amor e carinho beijo a flor
Que é minha e tua também, num só raminho
Mui estrelado, o tão olor pelo teu frescor.

® RÓ MAR

SINGELA CRIANÇA QUE TE QUER AMAR


SINGELA CRIANÇA 

QUE TE QUER AMAR 


Ama-me tal ao Sol que é o coração…
Num dia qualquer, pleno em todo lugar;
Abraça-me tal ao Vento à nação
Num ano qualquer; te quero sempre amar.

Ama-me tal ao Girassol laço à mão…
Num lugar qualquer, num dia todo par;
Abraça-me tal ao Sorriso ente expressão
Baloiçante pelo ar; te quero embalar.

Sente a face que te acaricia o coração…
Escuta a melodia que te quer dar
O raio de Esperança em toda estação.

Beija a alma que te ilumina devagar…
Sente o ar à natureza que é paixão;
Singela Criança que te quer amar.

® RÓ MAR
 

QUANDO A MANHÃ É FRESCURA…


Foto © Ró Mar


QUANDO A MANHÃ É FRESCURA…


Quando a manhã é frescura…
O sol brilha e floresce pelos beirais;
Há passarinhos que cantam pelos vários telhados
E o céu vê-se e conjuga-se pela abóbada cheia de vida
Que tem aos nossos olhares arco-íris e mui mais.

Quando a manhã é frescura…
Os jardins são flores multicolores de raros e esverdeados
Olores; e, os meninos brincam aos baloiços avoados
De alegrias rodopiando fantasias à natureza,
O que alastra e faz dela ainda mais viva.

Quando a manhã é frescura…
O dia é longo e involucra-se pelas faces de espirais…
Volúpias a almas novas que abarcam corações à estação
Nas singelas silabas perfumadas de sinfonia,
E escuta-se a mais linda poesia.

Quando a manhã é frescura…
Os amores são abençoados pelo ar que circunda
E pulam ao respirar a magistral ogiva,
Sem nunca se cansarem de tão amar…
Têm o sabor da vida no beijo à mocidade de tão formosura.

Quando a manhã é frescura….
Tem um nome em todo o universo, é Primavera…
Uma estação, embrião de um solstício ao luar, o Verão;
Embora possa ser todo o ano, depende do pensar
De cada um, estação é e tem asas que vêm e vão.

Chega de levezinho consolando o espírito e a brincar
Com as crianças e com os adultos vai ensinando a amar;
É a Primavera e não vem tão sozinha, traz nela a Poesia
Que vive em nós e que também encanta o universo…
Sonatas, poemetos e mais de prosa ou de verso.

Primavera, a mor, musa da excelsa princesa, é Poesia;
É a estação do ano mais bela e a mais estimada,
Tão estimada que perdura todo ano pela utopia
De quem vive; e, quem vive sonha e pula a vida
Como flor que quer ser e teima em ser amada todo o ano.

Primavera é isto mesmo… a flor de todo o ano…
Que eu amo e que tu amas com certeza; o diáfano
Raio que traz o vigor e mui frescura à natureza…
Que no meu coração e no teu também é de certeza
A mais bela e também única e sonante estação.

 
 © RÓ MAR

http://ro-mar-poesia-prosa.blogspot.pt

 Vivaldi - Spring from The Four Seasons (from Nature's Serenade)

sábado, 19 de abril de 2014

(A)MAR A TEMPO INTEIRO


(A)MAR A TEMPO INTEIRO


(A)mar que tanto quer e nada vê…
O Coração abalroado ao cais, mercê
Da saudade d’um velho cacilheiro;
Jornal amarrotado ao punho forasteiro;

Saudades que traspassam em cliché
Letras de amarelado démodé…
Que se leem no presente sobranceiro 
Invocando pelo verbo conselheiro.

Ó alma, que lês o verbo amar, porquê? 
Navegas pelo vento tão traiçoeiro 
Que aos olhos o horizonte nem vê.

Abre o coração ao mar, teu companheiro, 
E sente a vida livre de fuzuê 
Pelo olhar que quer (a)mar a tempo inteiro.

® RÓ MAR

VENTOS CINZELADOS


VENTOS CINZELADOS 


As searas secaram, os campos são cheiros de dor,
Os ventos cinzelados poluem o ar congestionando
Os suspiros pela alma, os galhos no céu desnudo
E a rosa a murchar; ai, que tempo tão bravo, meu amor.


As janelas, uma nesga ao vento, triste coração
Que nem vê a cor, brancos esvoaçando lá ao longe
São sonhos que não têm medida no dia de oração;
Ai, Santa Virgem rogo, levai as brumas bem longe.

Quanta amargura nas folhas, seca o verde prado,
Ainda se o mundo valesse a pena, seria a glória;
Ai, meu amor, que saudade…a chuva involucra o fado.

Minha alma é leve e alegre na boca da triste canção,
Não sei se demora este tempo, sei que enquanto for
A minha alma tem forma e cor nas asas da paixão.

® RÓ MAR


 
Imagem - Rui  Lóio - Real Palácio Hotel - Lisboa

A GRUTA DE DESEJO QUE SE AMANHECE…


A GRUTA DE DESEJO QUE SE AMANHECE…


A gruta de desejo que se amanhece…
Cascata que rendilha seios rasga as vestes no sal que volúpia a saliva,
E, silencia-se a voz no cintilar do olhar madrepérola,
Corisco que dedilha a pele e clama o ventre dos poros e enlouquece.

Os cabelos voam ao vento no raio da estrela
Que a noite seduziu, em taças de água cristalina,
  E, a natureza cresce-se viscosa e de aroma a mel de açucena,
Algo de excitante, ’favos’, degusta-se, a seiva.

E, ouve-se o eco, é amor que se espelha nas águas, paradisíaca mina
Que cintila a ouro, luz ao mundo no clarão
Que incendeia e floresce o coração.

A gruta de desejo que se amanhece…
A serena e rubra face de lua que fecundou o óvulo da jovialidade
Na casta natureza que a noite brindou a felicidade.

© RÓ MAR



sexta-feira, 18 de abril de 2014

A COR SUBLIMADA


A COR SUBLIMADA


Alvoraçam-se as almas na policromia
Que sobeja da inquietude do coração,
O que flameja dor e paixão…
Amarelos, vermelhos, roxos esvoaçam no dia.

E, se cresce um mundo farto de ilusão
Num coração rabiscado à pincelada;
Das saudades vive-se a alma da paixão
Na vontade que é um nada.

E, se cresce uma arte soberba e vigorosa,
A luz dos traços do pensamento
Difunde-se e ganha forma de rosa,
A face desbotada renasce formosa.

Faz-se, música, poesia, arte
Pela mão do nada,
Que na angústia da sorte
Revolve momentos em cor sublimada.

® RÓ MAR



Imagem - Rui Lóio - Real Palácio Hotel Lisboa

PROSA E POESIA À FLOR DA PELE


PROSA E POESIA À FLOR DA PELE


Pele que reveste e edifica a alma,
O rosto lacre do teu coração,
A vida que adivinho no teu corpo, mão
Dócil e extasiante, é tua pele.

Dócil e extasiante, é tua pele
Que dedilha as nervuras do pensamento...
Em toque preliminar e aquece a alma,
Deleitando-se ao lábio do firmamento.

Deleitando-se ao lábio do firmamento
Troca sorrisos nas entranhas do ser,
Sabor soberbo a verbo amanhecer,
Que sacia as linhas do pensamento.

Que sacia as linhas do pensamento,
O orvalho âmbar de aroma mel
Que trago no meu coração ao vento,
Em prosa e poesia à flor da pele.

® RÓ MAR



quarta-feira, 16 de abril de 2014

EFEMÉRIDES - FERNANDO PESSOA

         

EFEMÉRIDES LITERÁRIAS - Dia 13 DE JUNHO 


ANIVERSÁRIO de NASCIMENTO de FERNANDO PESSOA


Imagem- Vitorino Braga

Fernando António Nogueira Pessoa - Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935. Fernando Pessoa, poeta, filósofo e escritor português. É considerado um dos maiores Poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".

 “Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus.”

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado em Atena nº 5 de Fevereiro de 1925.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objecto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente".

"A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida."
Fernando Pessoa

*Em Agosto de 1907 morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empreza Íbis - Typographica e Editora -  Officinas a Vapor», que rapidamente vai à falência. A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa actividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.




*Inicia a sua actividade de ensaísta e crítico literário com o artigo «A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam «Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico» publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores.




*Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal, causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro.

*Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a revista Athena, na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando Pessoa.


Imagem - Luiz Roth

FERNANDO PESSOA - Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa. Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888. Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus. Estado civil: Solteiro. Profissão: A designação mais própria será "tradutor", a mais exacta a de "correspondente estrangeiro" em casas comerciais. O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação. Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dto. Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa). Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas. Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. É o seguinte o que, de livros ou folhetos, considera como válido: "35 Sonnets" (em inglês), 1918; "English Poems I-II" e "English Poems III" (em inglês também), 1922; livro "Mensagem", 1934, premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria Poema". O folheto "O Interregno", publicado em 1928 e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito. Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos. Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo, e absolutamente anti reaccionário. Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, à Igreja Católica. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria. Posição iniciática: Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da Ordem dos Templários de Portugal. Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação". Posição social: Anti-comunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima. Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania. Lisboa, 30 de Março de 1935. Fernando Pessoa [assinatura autógrafa] Fonte: Cópia do original dactilografado e assinado existente na Colecção do Arquitecto Fernando Távora.

"Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, isto é, arrumando palavras de uma certa maneira. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um Camões muito maior do que o antigo, mas, sendo uma criatura conhecidamente discreta, que soia andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Ainda bem. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um Camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoa, fenómeno nunca antes visto em Portugal."
José Saramago. Cadernos de Lanzarote. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. pp. 642-644

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.”

Fernando Pessoa; Autopsicografia; 27 de Novembro de 1930 (1ª publ. in Presença, nº 36. Coimbra: Novembro 1932.)


Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterónimos, diferentemente dos pseudónimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser chamado ortónimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto, com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterónimo entre os outros. Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Um quarto heterónimo de grande importância na obra de Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX. Bernardo é considerado um semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e não possuir uma personalidade muito característica, ao contrário dos três primeiros, que possuem até mesmo data de nascimento e morte (excepção para Ricardo Reis, que não possui data de falecimento). Por essa razão, José Saramago, laureado com o Prémio Nobel, escreveu o livro O ano da morte de Ricardo Reis.

Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade. Este último factor possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.

“Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?”

Fernando Pessoa


A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada. O ortónimo foi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas (como a teosofia) e sociedades secretas (como a Maçonaria). A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na acepção original do termo) e por vezes trágico.

Pessoa é um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. Uma explicação para a criação dos três principais heterónimos e o semi-heterónimo Bernardo Soares, reside nas várias formas que tinha de olhar o mundo, apoiando-se no racionalismo e pensamento oriental.

*Álvaro Campos*


Imagem- Luís Gaspar

Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

TABACARIA - “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.”
Álvaro de Campos: "Tabacaria" (excerto)

Começa a sua trajectória como um decadentista (influenciado pelo simbolismo), mas logo adere ao futurismo. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista, expressa naquele que é considerado um dos poemas mais conhecidos e influentes da língua portuguesa, Tabacaria. É revoltado e crítico e faz a apologia da velocidade e da vida moderna, com uma linguagem livre, radical.


*Ricardo Reis*


Imagem- esboço de Cristiano Sardinha


O heterónimo Ricardo Reis é descrito como um médico que se definia como latinista e monárquico. De certa maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, na harmonia e num certo bucolismo, com elementos epicuristas e estóicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante na sua obra, clássica, depurada e disciplinada. Faz uso da mitologia não-cristã.

Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não se sabe o ano da sua morte.

*Alberto Caeiro*


Imagem - esboço de Cristiano Sardinha


Alberto Caeiro, nascido em Lisboa, teria vivido quase toda a vida como camponês, quase sem estudos formais. Teve apenas a instrução primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo ortónimo). Depois da morte do pai e da mãe, permaneceu em casa com uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos e morreu de tuberculose. Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e pregava uma "não-filosofia". Acreditava que os seres simplesmente são, e nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para a vida.


II - O Meu Olhar


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro - 08/03/1934

 
Os escritos Pessoanos que versam sobre a caracterização dos heterónimos, "Pessoa-e-mesmo", Álvaro de Campos, Ricardo Reis e o meio-heterónimo Bernardo Soares, conferem a Alberto Caeiro um papel quase místico, enquanto poeta e pensador. Reis e Soares chegam a compará-lo ao deus Pã, e Pessoa esboça-lhe um horóscopo no qual lhe atribui o signo de leão, associado ao elemento fogo. A relevância destas alusões advém da explicação de Fernando Pessoa sobre o papel de Caeiro no escopo da heteronímia. Citando a actuação dos quatro elementos da astrologia sobre a personalidade dos indivíduos, Pessoa escreve:

"Uns agem sobre os homens como o fogo, que queima nele todo o acidental, e os deixa nus e reais, próprios e verídicos, e esses são os libertadores. Caeiro é dessa raça, Caeiro teve essa força."
Alberto Caeiro

Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

Possuía uma linguagem estética directa, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de vista reflexivo. O seu ideário resume-se no verso há metafísica bastante em não pensar em nada. A sua obra está agrupada na colectânea Poemas Completos de Alberto Caeiro.

*Bernardo Soares*


Imagem- retratado por Alberto Cutileiro

Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio Livro do Desassossego, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos, é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.

Bernardo Soares é muitas vezes considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador explica:

"Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."- Fernando Pessoa

A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem factos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa em sua prosa fragmentária é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. O fato de Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-heterónimo faz pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. Nesse sentido, para alguns, o jogo heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais instigante mito literário português na Modernidade.

"Cada um de nós é vários, e muitos, é uma prolificidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alega ou padece. Na vasta colónia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente."
"Desassossego" – Bernardo Soares/ Fernando Pessoa

Fernando Pessoa foi marcado também pela poesia musical e subjectiva, voltada essencialmente para a metalinguagem e os temas relativos a Portugal, como o sebastianismo presente na principal obra de "Pessoa ele-mesmo", Mensagem, uma colectânea de poemas sobre as grandes personagens históricos portugueses. Publicado em 1934, apenas um ano antes da morte do autor, este foi o único livro de Fernando Pessoa em Língua Portuguesa editado em vida. Foi contemplado com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN).

Mensagem, de Fernando Pessoa, 1ª ed., 1934

 PRIMEIRA PARTE: BRASÃO


I. OS CAMPOS

PRIMEIRO / O DOS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.

"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse."
Mensagem - Fernando Pessoa


Almada Negreiros (1893-1970). Heterónimos. 1958. Mural Fac. Letras de Lisboa. 


Fonte: Wikipédia

Pesquisa / elaboração © RÓ MAR



Homenagem a Fernando Pessoa - Ró Mar

O POETA DA HUMANIDADE


Pessoa de múltiplas almas
E coração divino
A ti louvo o Hino,
Poeta de Portugal.
Nos dias que vivestes
Todos teus foram,
Nos dias que sobejaram
Todos nossos são
Poeta da Humanidade.
Tua vasta sabedoria
E tanta outra filosofia
Em múltiplas almas desdobraste
Pela natureza que amaste,
Como ninguém.
Hoje, ouso dizer
Que o teu aniversário
É o planetário
De verdades e quão sonhos
Que no Mundo é ser.
Não sei muito de letras,
E filosofias tenho as minhas,
Mas em ti vejo um Mundo
Que vale a pena, não pelo que é,
Mas pelo que vale, e, quanto vale Mestre.
Nada sei, mas sei
Que és o nobre e único magistrado
Poeta
Que sempre amei.
Na tua natureza,
A flor é flor,
A borboleta é borboleta,
E nada mais, só a cor das asas,
Ou das pétalas, a vida aos sonhos
Que em ti são poesia.
Poesia que se sente de coração,
Que se vive na alma,
Que se ama acima de ninguém,
Teus versos são a nação.
Em todos os teus escritos
Vejo um Mundo além,
Que é só teu, e, quão universal é,
É a razão de tantos, a existência
De alguns e o pensamento de muitos.
Não sei palavras Mestre
Sei emoções, e quantas
De te ler, o que não ouso escrever,
Pois tão sábias são, que nem sei
Como descrever.
Sei que és o mor magistrado Poeta,
O Mestre, o meu Hino,
Que louvo na mais terna glória
Escrevendo umas linhas
Poucas, um sentir quão te amo.
Hoje tenho de presente
Umas violetas
Símbolo do meu amor,
Flor tão simples, mas vasta beleza,
Azul tal as almas
Que em ti são borboletas.
Pessoa o é e será em todo
O sentido lato da palavra,
"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
E com ela nasce
O Grande Poeta,
O Poeta da Humanidade.

© Ró Mar

2013/06/13