sábado, 30 de junho de 2018

SINGELO PESTANEJAR A GRAFITE




SINGELO PESTANEJAR A GRAFITE


Olha-me... olhos nos olhos, descobre-me...
Pelo teu mundo imagético, (re)cria-me...
Infinita à luz do presente, dedilha-me...
Num gesto delicado, seduz-me...

Ao paladar que nos beija, de salgado mar,
Coberto de serenas ondas que ensejam o amar.
Tu que tens o dom de artista vais-me retratar,
Em relevo genuíno, para a vida inaugurar.

Olha-me... sente a melodia do coração
Que vibra pelos teus olhos, porque o desejas.
Quando a música terminar dá-me a mão
E (res)guarda os olhos para que sempre vejas.

Ao (re)inventar, o perfume audível,
Tu sabes que o céu não é o limite.
Quando há amor cristalino é sempre visível
A arte de um singelo pestanejar a grafite.

© Ró Mar

quinta-feira, 28 de junho de 2018

POESIA-ME


Imagem - J'ad' OR


 POESIA-ME


Pelo teu mar fico sempre, aquém de mim,
Para além: onde as estrelas pintam 
As montanhas a oiro e a melodia é jasmim;
Onde a terra é universo e o céu o coração.

Fico aqui, além de mim, rente a ti,
Num terno abraço decifro o luar 
Que trouxeste até mim e sem pensar,
O que te trouxe aqui, olho para ti.

Ó Flor da noite, embala-me no teu canto
E deixa-me sonhar com outro mundo:
Onde o dia é criança e eu brinquedo;
Onde tu és a vida e a utopia um escrito.

Fico aqui: onde há amor e é a dois.
Num infinito beijo simulo a vida
Que sinto em ti e sem algum depois
Cruzo o teu oceano, minha querida.

Pelo teu mar fico sempre, aquém de mim,
Num eterno amar vivo-te assim:
Pleno de ti e diante de... sonho-me.
Quando eu despertar poesia-me.

domingo, 24 de junho de 2018

EM ARRAIAL DOS SANTOS POPULARES




EM ARRAIAL 

DOS SANTOS POPULARES


Ai, São João dá cá um saltinho
Pra ver como andam nossas modas!
Então não é que, a sardinha do povinho
Anda armada em carapau p´las rodas!

Em arraial dos Santos populares
Iça bandeiras d´outros capoeiros! 
O que ela mais quer é bordaleiros
Pra concorrer como galo de milhares!

Ai, São João dá cá um martelinho
Pra ver se endireitam as modas!
Então não é que, a sardinha do povinho
Anda às postas p´las bocas todas!

Em arraial dos Santos populares
Gritam os tripeiros e outros, ó Santo!
O que ela tem é de se fazer aos mares
Pra conquistar o título ao nosso canto!

Ai, São João dá cá um balão aviadinho
Pra que as marchas desfilem direitinho!
É que numa sardinhada, que mais parece
Pescadinha de rabo na boca, há estresse!

Em arraial dos Santos populares
Quer-se maneirinha ao euro de Portugal!
É que ó melhor vinho vêm prazeres
P´lo turista que penica o nosso beiral.

Ai, São João ouve a nossa prece de coração
E vem cá dar o pezinho p´la fogueira
Pra pularmos de mão-cheia o verão
A todas as estações em pouca choradeira!

© Ró Mar

quarta-feira, 13 de junho de 2018

P'LA CONFRARIA DOS SANTOS POPULARES


Imagem: Festas de Lisboa


P'LA CONFRARIA 

DOS SANTOS POPULARES


Com ou sem manjerico o Santo é, igual
Pra todos e por todos os tempos, António
De Lisboa e do resto de Portugal!
Haja sardinha a pingar p'lo património!

Cá ó arraial, e é pra mais que um ano,
P'la confraria dos Santos Populares
Vai a capital de vento em popa ó engano!
Olha o Zé a dançar de calcanhares!

Cá ó vira ou revira, e é sempre a andar,
Até há quem diga que o S. Pedro anda a inovar,
Este verão deu-lhe para isto! Ai se a moda 
Pega vai ser chuva a cântaros e de parra nada!

Olha o St° António encolheu, só se vê a careca,
Até há quem diga que é pra ver o balão
Com a boa-nova ó calor de São João!
Olha o Zé a festejar em loira caneca!

© Ró Mar

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Luís Vaz de Camões | Uno Poeta


Foto © Ró Mar - Camões | Portugal


Luís Vaz de Camões | Uno Poeta


O meu maior beijo vai para a língua portuguesa 
Que assenta muito bem p'lo céu duma alma genial! 
P'lo mar dos descobrimentos encontro com certeza
O grã génio das letras - Luís Vaz de Camões | Poeta

Que se fez p'lo caminho à história de Portugal:
Mergulhando a fina pena em mares não navegados, 
Conquistando a nova-esperança, testemunha os heróis 
P'la epopeia, que em meus olhos acende tal dois faróis:

Um em Terra, outro além-mar - uno abraço ao Mestre 
Que canta Vida - "Os Lusíadas": p'los dez cantos
Leio a sapiência duma só alma e tamanha pátria
Exaltada pelo soneto que enxerga pura poesia.

Singela homenagem que componho, em orla terrestre,
Crendo que vale a pena sonhar Vida, num tempo real
E em sentido inverso [do mar prá terra], Salve Portugal!
O meu maior beijo vai para além-mar [céu] | Uno Poeta.

© Ró Mar