SANTOS POPULARES
O Junho a festejar
No sol dos santos Populares
Ao bailarico vou agradar,
Ao santo António vou rogar.
Muita brincadeira
Na azáfama da fogueira
O meu par vou encontrar,
Ou não seja o Santo casamenteiro.
Na chita e chinela do pé
Irei arregalar o belo manjerico,
Na petinga e vinho rico
Vou arranhar a minha fé.
Nada mais que um namorico,
De várias cores,
Pois, tenho ainda que palmilhar
Até ao São João, ao Porto dançar.
Junho é só um e ainda quero chegar
Ao São Pedro, a chave vou arrecadar
Para no próximo ano ser estrela central
Nas fitas coloridas do novo arraial.
® RÓ MAR
Santo António com o Menino Jesus em pintura de Stephan Kessler
Santo António por todos amado,
Qual não há igual!
O Frade de Pádua,
Santo de Lisboa,
Sinónimo do milagre,
Na espádua
O menino ampara;
A seus pés,
Ao som beira-mar
Os peixes o escutam,
Caminhos sem par;
Almas se consolidam
Nos sermões
De inalar,
Qual não há igual!
Quantas atenções,
Santo de lés-a-lés,
Um caminhar a amar,
Sagrado lacre
Coabita o erudita.
Santo do alento
No sinal da cruz,
Bolor em alimento
Se transforma.
Pregador da Paz, sem norma,
Seja louvado,
Arsenal da sagrada
Escritura,
Coração partitura.
O frade do campo, trigo
Do pobre, aconchego do idoso,
Esperança do oprimido,
Folclore do povo,
Festança que a todos agrada.
Mensageiro de luz
No mundo vagueiro
Acalentando a voz do gemido,
Amnesiando
O som doloroso
De árduos caminhos.
Santo António, a formosura,
Imagem do novo,
Retrato do culto,
Nobreza em avulto,
Qual não há igual!
Santo casamenteiro,
Protector da virgindade,
Flor de açucena,
Sagrado matrimónio,
Um património.
Milagroso do centeeiro,
Engenho de moleiro
Das gentes aflitas,
Ajustados ermitas,
Na luz amena.
Benedito da palavra,
Os campos lavram
Em mãos santas, joio a trigo,
Vastos pergaminhos,
Qual não há igual!
Surge-se mantas,
De linho bordado,
Enxoval da mocidade,
No som colorado
Quanta Cidade remenda.
A todos prega a oração,
O pecado emenda
No coração,
Qual não há igual!
Seu Menino,
O Jesus venera,
Em seu coração repousa
O mais que se adora.
A Cruz nas mãos ousa,
Sob trigo e centeio
Nasce à sua beira o planeio,
Qual não há igual!
Que mãos divinas,
Alma de salinas
Que tudo medra,
Qual não há igual!
É António de Pádua,
Milagroso moleiro,
O Santo Padroeiro
De Portugal.
Santo António por todos amado,
Qual não há igual!
® RÓ MAR
Santo António de Lisboa - Sermão de Santo António aos Peixes - Obra de Acscosta
Ah, Santo Antoninho!
Ah, Santo Antoninho de Pádua
Vem até Lisboa,
Vem meu milagreiro,
Ó Santo casamenteiro!
Ah, Santo Antoninho de Lisboa
Espreita o nosso coração,
Ainda há gente boa
Vamos lá salvar a nação!
Ah, Santo Antoninho, o sermão
Zela pelo teu cardume,
Traz-nos o bendito pão
E a paz ao nosso coração!
Ah, Santo Antoninho, o manjerico
Para perfumar o bailarico,
A varina pela rua, quanto ciúme,
Vejo queda tradição!
Ah, Santo Antoninho, sábio
E justiceiro vem ver a nossa cultura,
Anda pela rua da amargura,
Confiamos no teu poder divino!
Ah, Santo Antoninho, das tuas ciências
Breves ausências,
Valha-nos o astrolábio
E uns escritos da sábia palavra!
Ó Santo Milagreiro, uns eventos, euros
Que nada chegam ao nosso tostão,
Mas, tu és um Santo de bom coração
E a velha oração irá vingar, uns cêntimos!
Ah, Santo Antoninho, nem sei que diga
Vou mas é ver se vejo a petinga
Sei que par irei encontrar
E para toda a vida amar!
Ó Santo Milagreiro,
Não me deixes ficar mal,
Está na hora do Arraial
E eu sou um bom menino!
® RÓ MAR
São João Batista - Igreja da Nossa Senhora da Encarnação
Obra de João de Carvalho
QUADRAS JUNINAS
Quadras Juninas
São almas
De meninas
Em noites limas.
São João que amimas
Os bailes da folia…
Chitas amarrotadas,
Raparigas disputadas.
Hasteia-se a fogueira
No salto do Verão;
Fruto de Vidigueira,
Ensopado coração.
Pregão de varinas
No Festival da Ribeira,
Manjericos à beira
Das raparigas.
São apitos Juninos...
É gente, peregrinos
Da maresia,
Cheios de poesia.
Ó Porto, Cidade invicta
Quanta mocidade!
Versos recita,
Coração que palpita.
São quadras
Juninas...
Pátria que guardas
Na torre que animas.
São Francesinhas,
Doce de meninas...
Cheiro de fadas,
Flores amadas.
Que o garoto
Atrevido belisca;
Maroto,
O olhar pisca!
Que engodo...
Cachaça
Uma graça...
Que porre, o modo!
Travessia na labareda...
Naquele salto
Grita bem alto...
Que beleza arvoreda!
Passo de magia...
Será Verão
A cor da folia…
O calor do coração!?
Canção d' um Povo...
Ritmo novo,
Sabor da Nação
É São João.
® RÓ MAR
São Pedro Apóstolo - 1º Papa - Simão Pedro
SÃO PEDRO 'BEM-AVENTURADO'
Ó São Pedro, 'Bem-Aventurado',
Ó Magnânima Rocha,
Sou irmã tua, Pescador,
Que o perdão sempre dá ao pecador,
Alumia-me na tua tocha.
És São Pedro, o Primeiro
Santo do Pontificado,
De nome edificado,
Nos Céus o derradeiro.
Teu rebanho irás bem guardar,
Nas Chaves que Jesus concedeu.
É ao teu lado que quero sempre estar,
Privar d' águas que Cristo bebeu.
Os teus Céus quero amar,
Longe das chagas d´um Inferno.
No reino dos discípulos,
Prenúncio de crepúsculos.
A léguas d' um Inverno, Meu Mestre,
Sempre pela Primavera da Vida.
Não aprecio aqueles ares de Cipreste,
Que pressagiam a certa despedida!
Trago pelo Coração,
A tua grande Oração,
Ao peito a Flor de Lis,
Sei que assim sou Feliz.
© RÓ MAR
Quero ser teu cordeiro,
Por ti sempre mui amado,
Serei leal e ordeiro.
Bendito sejas Simão,
Das Romas o Rochedo.
Que Cristo abençoou, Pedro,
Bendito sejas Simão,
Das Romas o Rochedo.
Que Cristo abençoou, Pedro,
Da tranca em Santa mão,
Ó Apóstolo do Mar,
Na tua Barca quero navegar,
Mar abundante, sem recear,
Meu Coração alagar.
Ó Apóstolo do Mar,
Na tua Barca quero navegar,
Mar abundante, sem recear,
Meu Coração alagar.
Ó Magnânima Rocha,
Sou irmã tua, Pescador,
Que o perdão sempre dá ao pecador,
Alumia-me na tua tocha.
És São Pedro, o Primeiro
Santo do Pontificado,
De nome edificado,
Nos Céus o derradeiro.
Teu rebanho irás bem guardar,
Nas Chaves que Jesus concedeu.
É ao teu lado que quero sempre estar,
Privar d' águas que Cristo bebeu.
Os teus Céus quero amar,
Longe das chagas d´um Inferno.
No reino dos discípulos,
Prenúncio de crepúsculos.
A léguas d' um Inverno, Meu Mestre,
Sempre pela Primavera da Vida.
Não aprecio aqueles ares de Cipreste,
Que pressagiam a certa despedida!
Trago pelo Coração,
A tua grande Oração,
Ao peito a Flor de Lis,
Sei que assim sou Feliz.
© RÓ MAR
SÃO PEDRO, O PESCADOR
Ai, que bela Lisboa
De varina pela proa,De Alfama à Madragoa,
Pelo Santo António e São João avoa!
Pela fogueira a pular,
Sem o manjerico poder cheirar;
Nem o casamenteiro,
Pra regar meu canteiro!
Que ave sou de capoeira,
Pelas águas do Tejo provo cachoeira
Fibra de tecedeira,
Quero é a boa brincadeira!
Vamos lá ao arraial pró passo acertar,
Vem aí o São Pedro, o nosso pescador,
Com ele o grande andor,
É a barca do nosso salvador!
Lá vou eu ao bailarico,
Vamos a ver se prenha eu fico,
No treze de Junho do ano que vem,
Vai ser outro vai e vem!
Ai, Santo António, que rica herança,
Eu e mais o meu campónio,
Vai ser uma festança,
Filarmónica, harmónio, dança!
Que regalo, meu São João,
Esvaziar o balão,
Vai ser alegria até mais não
E de chave na mão!
Simão por onde nós andamos!?
A vinte nove ao batismo vamos
De Pedro, o Aventureiro,
Senhor do nosso reino.
® RÓ MAR