O BAILADO DAS NINFAS


O BAILADO DAS NINFAS - SOLAR DE POETAS

MENÇÕES HONROSAS



O BAILADO DAS NINFAS


Sois a luz do pensamento
Calejada em favos de orvalho;
A delícia do momento
Em ostras de carvalho.

A Vós que estais bordando o rio
De astúcia, beleza, encanto
Vos clamo a paz dos céus
Neste meu canto.

Sois as divas do Douro
De cabelos de ouro,
Trançados em pente fino
Que lampejam sangue mouro,
Um cheiro a hino.

A Vós fadas milagrosas
Que não tendes asas
Mas voais na leveza…
Delicada vaidade e fina destreza,
Vos concedo o reino
Da fecundidade.

A Vós que protegeis Baco, Deus
Do precioso e cobiçado néctar
Das enfermidades,
Vos consagro a Ponte Romana,
Monumento de divindades,
Sejais a Humana
No raiar do Luar.

Sejais Trajano sob o rio 
Tâmega, D. Manuel I e seu Império;
A Vós a riqueza do reino de Chaves,
Termas de Vila Real,
Valor hídrico de Portugal.

Sois as Ninfas
De mui lides, senhoras do lavadouro.
Trazeis a abundância ao Douro
Em cachos de ouro,
Velho cálice de grainhas.

Sejais musas inspiradoras
Dos mais ilustres poetas,
Sedutoras
D' artes e letras.

A Vós o Maior,
Luís Vaz de Camões,
Pergaminhos e brasões
Da epopeia Lusitânia,
Bailais no jardim do amor.

A Vós lendas seculares,
Formoso vulto
De pérolas, feitiço e mui vibrares,
Árvores de mui fruto

Vos oferendo Cavaleiros;
De mui mares, grãs guerreiros,
Orgulho das Quinas,
Encantos de meninas.

Sejais as donzelas do rio,
A Vós as imensas águas
De Espanha ao Porto remadas 
A Rabelo.

Longo e entrançado cabelo
Que se solta a sol-posto,
Flutuantes pipas 
De mui brio, brindais tréguas.

Sois almas ao luar
Que transbordam no olhar
A magia da lua cheia,
Vos pinto azul sereia.

A vós, o multicultural,
Génio da história, 
Leonardo da Vinci, os sinais
De coração
Na forma escultural,
Algumas linhas imorais
Num corpo em rotação.

Sejais o adorno do tatear 
Palmilhando o Norte;

A Vós a fonte
Dos segredos
No cristalino contorno
De carvalhos arvoredos.

© RÓ MAR




O BAILADO DAS NINFAS


No ventre de Setembro
Surgem nas águas do rio Douro
A candura das estrelas
Em forma de bagos singelos.

São os ventos que relembro
Na temporada que traz ouro
À grande região de donzelas,
As ninfas de castelos.

Proliferam nas margens do rio, lembro
Um corrupio vindouro
Que espreito pelas janelas
Do outono em olhos de marmelos.

Saboreio a noite de Luar, deslumbro
No paladar do cálido cálice, tesouro
Da milagrosa natureza, em pinceladas
Suaves de moscatel, vermelho, amarelos.

Fascino com as castas puras, cubro
Em letras de jasmim o pelouro.
Sinto no ar ninfas a bailar, adoradas
Princesas que surgem em tornozelos.

Caprichos que descubro
No celebre baú do Douro,
São lendas encantadas
Que demarcam a riqueza de zelos.

É o coração ao rubro
Que o nono mês, frutífero,
Rebenta em silêncios de baladas,
Nesta janela me sento a escuta-las.

© RÓ MAR

http://ro-mar-poesia.blogspot.com