segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O ENGRAXADOR | "DAR GRAXA"





O ENGRAXADOR | "DAR GRAXA"


Velha profissão, que com o passar dos tempos finou, era uma arte bem sucedida, pois, todo o senhor fazia questão de passar pela  banqueta do engraxador, em plena avenida faziam um brilharete.
Arte que dava valor ao calçado e à personalidade do individuo, o aspecto do sapato era meio caminho andado para uma boa postura na vida.
Os rapazitos, que engraxavam, é que coitados passavam o dia curvados, de cabeça para baixo e  ganhavam uns tostões furados e muitos até andavam descalços, coisas dos velhos tempos! Também as há agora, mas, já há poucos a trabalhar na profissão e os que há são chamados de sapateiros, que também são engraxadores, mas, as condições são outras (lojas), o negócio é mais rentável, para além de fazerem concertos no calçado vendem produtos de manutenção para o mesmo.
Os engraxadores de rua deixaram memórias dos velhos tempos, que nos caiem bem à vista, as ruas estavam apinhadas de gente bem disposta. Eram aos três ou mais em cada rua da baixa lisboeta, naquela altura os senhores andavam de fato e gravata e o sapato era peça fundamental para uma boa impressão e quem vivia mais-ou-menos também ali parava, pois, também queriam fazer boa figura!
De pano no joelho, graxa nas mãos e escova aperaltada para puxar o brilho aos sapatos do freguês, estes artífices ganhavam a vida dia-a-dia,  às vezes até tiravam uma boa gorjeta. 
E o engraxador da fama de "graxista" não se livrava, poliam os sapatos e o senhores ficavam com o ego em grande, por isso se chama de bajulador a alguém que dá graxa, ou seja, sempre que se elogia alguém lá vem o velho pensamento "dar graxa". E é o que nos resta dos inúmeros engraxadores que havia, memórias muito vivas e fotos daquela época (séc. XIX), pois, a moda do calçado foi bastante alterada, adaptando-se a novas realidades, sendo que o sapato desportivo é muito mais prático, tornou-se comum, não requerem graxa, muitos até são laváveis na máquina de lavar roupa, o que veio a tornar cada vez mais esta profissão um biscate de muito pouca monta.
Ainda subsiste a critica à sociedade na expressão "engraxar", embora hoje em dia não se pratique muito. Os tempos mudaram e com eles mudaram as vontades! Os contemporâneos fazem mais criticas do que elogios e quando fazem elogios lá está, está-se mesmo a ver, estão a "dar graxa", esta expressão está ainda muito presente e sem duvida que faz sentido, pois, muitos dizem bem ou fazem algo com a intenção de receber algo em troca, ora se isso não é "dar graxa" é o quê? Poucos são os que têm o sentido apurado para um brilho natural e sabem dar o valor ao que é devido! 
Contudo, dar graxa aos sapatos é algo que devia de ser tão natural como nos velhos tempos e o elogio devia de ser estimado como bem essencial (quando sincero) para proliferar as relações interpessoais.

© Ró Mar | 2020/08/31

domingo, 30 de agosto de 2020

O SETEMBRO ESTÁ NO AR!




O SETEMBRO ESTÁ NO AR!


O setembro está no ar
E é bem-vindo ao planeta
Para a natura refrescar
E dar cor à rua cinzenta!

O setembro está no ar
E é o tempo da mudança
De estação e de pensar
Que há ventos de esperança!

O setembro está no ar
Pelas mãos duma criança,
No sonho de respirar
Há sílabas de bonança!

O setembro está no ar
E o equinócio de outono,
Que havemos de vindimar
Pra ter uva todo o ano!

O setembro está no ar,
Na montanha de emoções
Há frutos para recriar
E cultivar corações!

O setembro está no ar,
Folhas secas pra varrer,
O mundo para abraçar,
Pois, a vida é pra viver!

A estação quer começar
No seu ritmo habitual,
O setembro está no ar
Pra ser época normal!

Nas palavras deste mote
Há poesia para passear
E vontade que o suporte,
O setembro está no ar!

A poesia, que há nas árvores,
Folha-a-folha libertar
Galhos pra que nasçam flores,
O setembro está no ar!

Gente de todas as idades
O setembro está no ar
Para colmatar saudades,
Há vida vamos cantar!

Esperança é nosso lema,
Pois, queremos continuar
A fazer da vida poema,
O setembro está no ar!

© Ró Mar | 2020

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A CAMINHAR PARA O INVERNO




A CAMINHAR PARA O INVERNO


Ainda há pouco passei pelo inverno
E não sinto saudade dele!

Ainda há pouco pensei na primavera
E nada a recordar dela!

Ainda há pouco foi verão
E não vi nenhuma caravela!

Agora, que é outono,
Sinto saudades do de outrora
E está mais do que na hora
De sonhar e viver o que não vivi no ano!

Agora, que é outono, não sei se posso pensar...!
Neste final de ano, a caminhar para o inverno,
Não sei se é tempo dele!?

Talvez possa ainda vê-lo partir,
A tempestade há-de passar, 
Pois, ao mar quero voltar!

E a caminhar para o inverno
Esperançado de viver outra estação,
Que poderá ser primavera ou verão
Nos dias ensolarados do ano!

Ou outono, tal outrora,
Que me tinha feliz na hora!

A caminhar para o inverno,
Numa longa espera!

© Ró Mar | 2020

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A CULTIVAR O VERÃO...


A CULTIVAR O VERÃO...


Quando o verão é sequioso,
Desprovido d' essência,
Há nevoeiro fogoso,
Perpétua carência...

Ecoa vento ruidoso
E qualquer paciência
É sorte dalgum curioso
D' enorme inteligência!

Num abrir e fechar d' olhos
Lubrificar a estação...
Arco-íris de repolhos

A cultivar o verão...
Sonhar alecrim a molhos
Na varanda do coração!

© Ró Mar | 2020

terça-feira, 25 de agosto de 2020

BALADA DE SONHO


Imagem: Les douceurs de CHLOE 


BALADA DE SONHO


Este planeta terra almeja respirar
 Ar puro, livremente e nós, humanidade,
Também! É imperioso reaprender a amar
A natureza e os seres vivos de verdade;

Fazer girar o mundo em torno dum amor 
Plural, com sentido e responsabilidade; 
Dar à vida essência de elo multicolor,
Reerguer a mátria, com sustentabilidade;

Cultivar e fertilizar laços de união,
Fomentar atitude de paz em todo o universo
E criar raízes de combate à solidão.

Ah, passear livremente é mui mais do que verso!
Respirar e sentir pulsar o coração
É balada de sonho onde há vida no berço.

© Ró Mar | 2020

domingo, 23 de agosto de 2020

OUTONO SÉNIOR

 


OUTONO SÉNIOR


Quando as folhas bailam pela natureza
É um convite à mudança de estação,
Uma vida outonal, com toda a leveza,
Salteada de tons de liberdade e paixão;

Também ao ritmo do vento os seres vivos
Embalam e deleitam os jardins do ser
Com roupagem de signos imaginativos
E tão reais quanto o dia a acontecer;

E a vida continua metamorfoseando
Os habitats, interior e exterior,
De todos os que ainda vão sonhando,

De todos os que reconhecem o bem maior
Como constante mudança, adaptando
O dia-a-dia a um outono sénior.

© Ró Mar | 2020

O AMOLADOR, O ARTÍFICE DE RODADA




O AMOLADOR, O ARTÍFICE DE RODADA


Em tempos idos, nos dias de nevoeiro,
Ouvia-se o som da gaita pelas ruas,
Era o mestre amolador passageiro,
Afiava de pé as facas e tesouras;

Era o sinal certo de vir por lá chuva;
Tocava com a gaita e também concertava
As varetas quebradas dos chapéus-de-chuva
E tudo que viesse ele afinava e afiava!

Em tempos idos tudo se aproveitava
E toda a gente assim ficava remediada;
Era o labor duma arte que apregoava...

O amolador, o artífice de rodada
Em roda de esmeril afinava e afiava
Todo o tempo com gaita e o pé na calçada.

© Ró Mar | 2020/08/23

"ANDO DE MIM À PROCURA"


Imagem. IN$PiRATiON


"Ando de mim à procura"


Ah, busco algo de mim!
"Ando de mim à procura"
No teu coração, enfim,
Alinho nessa frescura

De me conhecer melhor
Espelhada nessa loucura,
Vou buscar-te agora, amor
"Ando de mim à procura!"

Oiço dizer que não vês
Sentido em tal ventura,
Mas, eu insisto outra vez,
"Ando de mim à procura"

Em ti, pra saber o real
Ser desta minha criatura,
Eu... fora do pedestal
E o teu olhar de ternura!

Eu... gostava de saber
Com toda a desenvoltura
O que é que tens a dizer,
"Ando de mim à procura"

Em ti, o meu Eu... é que é!
"Ando de mim à procura"
Em mim também... E porque é
Que hei-de saber da criatura?

© Ró Mar | 2020

Mote de Landa Machado:
"Ando de mim à procura"

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

'VELVET'

 

'VELVET'


Nos teus lábios 'Velvet' aprendi 
Os tempos todos do verbo amar
E pelo teu perfume amanheci
Para um dia ver-te a voar;

Entre o céu e o mar adormeci,
Os tempos todos quiseram sonhar
E do eterno momento o rubi,
Para um dia poder te encontrar;

Agora, que se fez luz é presente,
Os tempos todos, que me parecer
São palavras, consequentemente

Para acontecer 'Velvet' de teu ser
Imortal, aso-os constantemente,
Colorindo silabas por prazer.

© Ró Mar | 2020

'Velvet' | Veludo | Poesia | Borboleta

terça-feira, 18 de agosto de 2020

SÃO AS BELAS LAVADEIRAS

 


SÃO AS BELAS LAVADEIRAS


Ah! Os tempos ancestrais,
Que têm mais encanto
São artes artesanais,
Que têm engenho e canto;

Gentes do povo com brio
No trabalho, cantadeiras,
Que dão alegria ao rio,
São as belas lavadeiras;

São as águas fluentes,
Que limpam a sujidade
Da roupa de todas as gentes
Nos campos ou na cidade,

Que no rio ou nalgum tanque
Esfregam escuro e branco,
Sem que alguma cor desanque,
Com sabão azul e branco;

A brancura que estendem
P'lo arvoredo é estendal
De letras, que elas entendem
E nós vem-nos à ideia a tal:

"Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol." (*)

E é o que nos resta a "Aldeia
Da Roupa Branca", que exposta 
Ao Sol aquece a plateia
Na franja da Beatriz Costa.

Ah! Os tempos ancestrais,
Que têm mais encanto
São arte e ofícios geniais,
Que a preto e branco têm canto;

Gentes do povo com brio
No trabalho, cantadeiras,
Que dão alegria ao rio
São as belas lavadeiras,

Que no rio ou nalgum tanque
Esfregam escuro e branco,
Sem que nada se desanque,
Com sabão azul e branco.

© Ró Mar | 2020

(*) - quadra do poema, canção do filme :
"Aldeia da Roupa Branca" | Beatriz Costa

sábado, 15 de agosto de 2020

"SENTADO À BEIRA DO RIO"


Pesca, Lago, Pescador, Natureza, Água, Vara De Pesca


"SENTADO À BEIRA DO RIO"


 Amanhecer de setembro
 Pelo carreiro sadio...
Tão belo que o relembro
"Sentado à beira do rio!"

Exclamei tamanho brio:
A velha cana de pesca,
"Sentado à beira do rio"
Naquele olhar que refresca!

"Sentado à beira do rio:"
O tempo de longas horas,
 Engenhoso desafio
Para os tempos de agora!

Ah, peixe de água-doce
É bichinho de aquário!
E ele, fosse o que fosse,
"Sentado à beira do rio."

© Ró Mar | 2020/08/15

Mote de Joaquim Sustelo:
 "Sentado à beira do rio."

AZUL TEM MIL ENCANTOS



AZUL TEM MIL ENCANTOS


Azul tem mil encantos...
Segredos por desvendar,
Brisa anil pelos cantos
Celestes para sonhar...

E eu a olhar... lua cheia
De graça e os santos,
Maré a orlar a areia,
Azul tem mil encantos...

Há palácios de vida 
Numa só cor de tantos,
Numa palavra lavrada
Azul tem mil encantos,

No azulejo é arte
Nobre e também nos escritos,
Raríssimo, e eu em Marte!
Azul tem mil encantos,

Azul tem mil encantos...
Navegar na barca d' alma
O planeta dos prantos,
Noite que o mar acalma...

Há química no amar,
Física nos astros soltos
E a cor do teu olhar
Azul tem mil encantos.

© Ró Mar | 2020

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A LEVEZA DO SER


A LEVEZA DO SER


A leveza do ser é beleza de ver
A olho nu; sentir, que o sol vai partir
Na noite a nascer; lençol de amanhecer,
 Cambraia a esculpir o ser que há-de existir...

Tecendo sereno a face do terreno
Na tela esmeralda; é sonho de vida,
Que anoto no caderno; é dia em pleno
Vento e de grinalda iluminando a saída...

Ah! Este mar tão calmo e dum infinito olhar
P'lo ser a cirandar tem mais de um palmo
De verdejante almo e mais pra contar...

 Ah, na tela a brincar lê-se salmo,
Que tão bem declamo! Este veranear
Dos céus faz do mar paz e vida que amo.

© Ró Mar | 2020

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

CAMPO/ CIDADE

 

CAMPO/ CIDADE


Pouca chuva, não dá pra lavar as ruas!
Há pouco fui à rua e estava solinho,
Ainda qu' as ruas estivessem meio secas
No relvado sentia-se o fresquinho!

As folhagens luzidias e tão suas
As flores, que olhavam o passarinho
A passear ali poisando as asas
Em raminhos coloridos dum ninho,

A bailar tão verdes quanto o vento!
E balouçava olor a rosmaninho
Neste dia rosado qu' invento...

Pra dar vida ao poema do momento,
Balançando o campo com carinho
Pela cidade seca de sentimento.

© Ró Mar | 2020

AH, CHOVE, CHOVE!

 


AH, CHOVE, CHOVE!


Ah, chove, chove! Chuva miudinha,
Que rega a natureza e traz riqueza
Ao planeta e à nossa vidinha!
 E gota a gota vai nossa tristeza...

São lágrimas divinas nas entrelinhas
Da folha dum tempo, que de certeza
Nos dão bons rebentos! Ah, molhadinhas
De céu têm sempre outra beleza!

Fruto de verão não é e d' outono
Também não, será o inverno dono
Do rio qu' enche abril de primavera?

Ah, chove, chove! Maio no mês nono?
Flor neste tempo ao abandono
Em letra miudinha tal quimera!

© Ró Mar | 2020

terça-feira, 11 de agosto de 2020

A MEIO DUMA TARDE... ATÉ AO LUAR!




COROA DE SONETOS DE RÓ MAR

A MEIO DUMA TARDE...

ATÉ AO LUAR!


*

1

A meio duma tarde... o calor transborda
E nada melhor do que refrescar memória
Num cubo de gelo de poesia e dar corda
Ao relógio... Tempo de outra oratória!

Abrir todas as janelas para a tarde içar
Em silabas frutadas, ventilar o Estio
Em almas... Renovável singeleza a par
De taças inaugurando novo brio!

Poética com métrica que serve o verão
Ao mundo que dela ouse desfrutar
O solstício com mais imaginação!

Venha gente de todas as eras rematar
Este final de tarde, em que pouso a mão
Numa tal natureza que promete amar!

2

Numa tal natureza que promete amar
Encontro o mote pra continuar a safra
Num frescor! A cereja na cesta a rimar
Refrescar com escaldar da parede de Mafra!

Tarde a amanhecer nos sabores do verso
Dum uno tempo, à janela a labareda 
Que rege vidas num delicioso berço!
A merendar tal proeza quedo-me leda!

Ah, alma dotada que me prende ao poema!
Numa tarde de verão peço desejo
Fresquinho, digno duma tela de cinema! 

E a boca adoça num vai e vem o beijo,
Do campo à cidade uno teorema
A completar a roda-vida em cortejo!

3

A completar a roda-vida em cortejo
Tomo um suco de época, frutos diversos
E umas pedrinhas de gelo do Tejo,
O tórrido da tarde a destilar versos!

Ah, mar de nobre alma e sabor salgado
Nas tuas ondas vou espelhar o meu olhar!
Conto trazer a boa-nova do amado,
Pelas pedrinhas do areal vou procurar!

Conchas e algas marinhas levo ao coração
Num colar feito de amor e mui louvor
Noutros tempos por nossa prendada paixão!

A taça está quase vazia e o calor!?
Maré alta e gelo em vias de decomposição,
Nem as pedras salgadas salvam de dissabor!

4

Nem as pedras salgadas salvam de dissabor!
Quem disse tal barbárie pouco descansou,
Adormeceu por momentâneo vapor
Que transmutava as águas qu' o refrescou!

Eis-lo aqui e d' olho bem regalado!
Pudera tomou mais cafezito à tarde,
Xícara açucarada pelo amado
E o vento fresco sopra na pele qu' arde!

Ah, tamanho escaldão! Pró que me deu
Passar p'las brasas, aos quarenta graus,
Folhas de papel almaço que m' escreveu!

Em tempo que a candeia era una luz
E as folhas meio tostão com cunho seu
Silabavam a tinta permanente...! Ai-Jesus!

5

Silabavam a tinta permanente...! Ai-Jesus!
Ai, vinham de ceroulas banhar seus pés
Nas águas do Tejo à média luz
E lá s' empertigavam letras Ás a Zés!

Ah, tem certa piada, contudo pra rimar
Com o tempo actual têm que usar máscara,
Qualquer coisa por direito a veranear
Nas esplanadas, pois, vai mais uma xícara!?

Numa tal balburdia convém bem zelar
Os nossos! Escritos com todo o esmero
Meus versos circulam livres pelo ar!

Esta tarde de calor comporta exagero
E tal como os passarinhos vamos voar
Ao planeta verde que se diz sincero!

6

Ao planeta verde que se diz sincero
Gostava de dar uma palavrinha nova!
Pra acrescentar vocabulário o paquero
Numa palete verde esmeralda em trova!

É outra cantiga que ouso no soneto
[Que muito m' apraz dar sempre continuidade],
Independente da coloração do momento
Tem o tom popular duma comunidade!

Mas, é de verde sempre qu' a menina-do-olho
Mira toda a beleza duma natureza
Diferente! Ah, Menina, resguarda teu olho!

O vendaval traz-te poeira com certeza,
Protege teu sonho, não o deixes num molho
Perdido p'lo campo de certa incerteza!

7

Perdido p'lo campo de certa incerteza
Encontrou um desfecho prá tarde de verão
Numa outra paisagem também portuguesa
E o final do dia ferve até ao serão!

Está na hora d' intervalar o jantar
Com o Rosé a sair da geladeira
E dar volta no contexto pra cozinhar
A deliciosa sobremesa caseira!

Quiçá, serícaia pra adoçar o amado!
E eu que adoro tal iguaria faço
Da poesia doce tão cobiçado!

A noite entra de mansinho p'lo espaço
Das metáforas e eu que havia imaginado
Vista pró mar e céu luado renasço!

8

Vista pró mar e céu luado renasço
O verso valsando verão escaldante
Nas entrelinhas deste poema enlaço
Com carinho e vontade de ter o amante!

Mui procurei nas pedrinhas do areal
E nada achei... o vento levou tudo,
Ou, quase tudo! Foi o principal
E o papel secundário reservado!

Minh' alma ao destino encontrou a razão
Num outro fado e a minha sina rema
Nos braços melódicos qu' encantam o coração!

Idolatrando o silêncio cresce o poema,
Que vou pintando e compondo de verão
Fresquinho, digno duma tela de cinema!

9

Fresquinho, digno duma tela de cinema
É o luar icónico! O slide de verão
Ao pôr do sol faz a lua crescer o tema
Em versos de palmo e meio ao serão!

Extasiada com tão belo cenário
A memória retém o meu coração
Além mar num suculento imaginário,
Que adormece as sílabas e sonharão!

Ah, castelo plantado no céu anilado
P'la mão do artista que sabe decore
A casa do amor tem cavalo premiado!

O puro lusitano, porte de condor,
Crina entrançada em fita verde prado
E vento azul turquesa de nobre flor!

10

E vento azul turquesa de nobre flor
É talismã desejado, frescor perfumado
Qu' invade o espaço e confronta a dor
D' alma pelo coração despedaçado!

Ah, estrela guia ilumina o caminho
Prá Musa de séculos chegar a reinar
Este singelo trono de pergaminho
E desfrutar o verão em coroa ao luar!

Duns versos soletrados a meio da tarde
Nasce uma noite em Julho de flor d' açucena
E a amada passeará a trote o 'Abade'...!

O esbelto cavalo branco entra em cena,
O filme vai começar e é de qualidade!
Oh, esqueci de fazer pipocas, temos pena!

11

Oh, esqueci de fazer pipocas, temos pena!
Eu nem aprecio muito e quem gostar
Tem cozinha à disposição prá cantilena!
Mãos à obra que tenho que rebobinar...

Metros de película e mor poesia
Prá Musa revelar o segredo do luar!
Vestia saia plissada de versos, cortesia
Da blusa ousada d´ organdi a rimar...!

O jardim plantado p'las estrelas do dia,
Noite calma scriptando íris de desejo
E espelhando o écran que por aqui havia!

A Musa formosa atravessando o Tejo,
Ponte atravessada e o castelo luzia!
Ah, lua Menina adormeço teu beijo!

12

Ah, lua Menina adormeço teu beijo
Ao colo da fada madrinha a sonhar,
Grávida d' esperança do que almejo
E o 'Abade' a meu lado a repousar!

Pausa bem merecida após tanto tempo
A trotear! Sonhamos o amanhecer,
Outro dia pra viver, sem contratempo
E com vontade de cultivar pra crescer!

Minha mão repousa o papiro ousado,
As palavras meditam no raio de luz
E o verão espreguiça encalorado!

No castelo plantado no céu que compus
A noite estrelada alumia o desejado
A sonhar com o mundo em berço de luz!

13

A sonhar com o universo em berço de luz
Só pode acordar de bem com a vida e ser,
Fazer o mundo girar pelo que produz
[Prazer global] e a toda a hora agradecer...

Por mais um dia e por tudo o que a vida dá!
Cedinho começa o dia e p'la fresquinha,
É o que se quer pra ver no que é que isto dá!
O Sol já anda a espreitar a escrivaninha...

Até ao meio-dia está do lado de lá!
Tranquila manhã, tomo o café na cozinha,
Sem pensar no que por lá vai, fico por cá!

Há outros afazeres e minha madrinha
Só vem pró chá, p'las cinco da tarde está cá!
Ainda faço o bolo de canela e canjinha!

14

Ainda faço o bolo de canela e canjinha
Pró jantar, antes de minha fada chegar!
E até ao luar o mistério mantinha
O leque pomposo prá casa ventilar!

Oh, 'Abade' que grande soneca, vamos lá
Mandrião, fiz-te um suco de cenoura!
Até arregala a crina, que feliz está!
E agora vamos lá pentear que é loura!

Mas, onde guardas-te o segredo Menina!?
No 'Abade' [alter], no Mar!? A fina corda
Para treinar a arte d' enlaçar real CRINA*

É fita verde prado que das silabas borda
Luar e o poema começa p´la surdina
A meio duma tarde... o calor transborda!

*

COROA AO LUAR

SONHANDO ESTA NOITE...




SONHANDO ESTA NOITE...


Há paixão pela noite, há luar e poesia,
Lua cheia de magia é trevo de sorte,
Algo de vento forte! Ah, pura alquimia
Esta caligrafia, que leva ao desnorte!

Nada, nem ninguém corte esta flor ['Sofia']
Viva a geografia! É poema de esporte
Sonhando esta noite... e sonhar todo o dia?
Viver em harmonia a flor que se comporte;

O Coração o suporte e venha até à lua,
Porque esta noite é sua, a palavra sonhar
É fruto no horizonte, é letra minha e tua...

Numa face da lua há vontade de voar
P'las teclas do amar, numa prosa tua
A minh' alma é lua e tu sonhas beijar.

© Ró Mar | 2020

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

AÇORDA DE COENTROS




AÇORDA DE COENTROS


O português é freguês,
Broa no que toca ao pão
E ninguém lhe tira a vez;
No que toca a confecionar
Faz açorda de coentros.

I

Trigo, milho, centeio,
Aveia e mais cereais,
Sementes e outros mais
Que eu tanto saboreio;
Fornadas que recheio
Com os olhos que vês
E a barriga que Deus fez;
Coisa boa este naco...
Farinha de todo o saco,
O português é freguês!

II

E eu alfacinha de gema
Confesso que o da Capital
Não me é substancial;
O de mistura é meu lema
E dá gosto ao tema...
Quando quente é paixão
E derrete o coração
Manteiga desta miúda...
Que gosta de coisa graúda,
Broa no que toca ao pão!

III

O saloio é do melhor
E tem mais que paladar,
Dizem que faz engordar!
Na espiga há mais amor
E na gastronomia é flor,
No céu da boca se fez
A receita do português!
O segredo do padeiro
Tem dedo de pasteleiro
E ninguém lhe tira a vez;

IV

O Moinho que dê pedaço
Ou a lenha das aldeias
Portuguesas dê ideias;
Na minha terra as amasso
Até me doer o braço,
Depois deixo levedar
O tempo que se precisar,
Ao enfornar a bênção
Pra cozer e crescer são,
No que toca a confecionar.

V

Se é pão d' água ou de leite
Não é relevante, pode ser
Tudo que dê prazer comer!
Se é pão de forma, cacete
Brasileiro ou baguete
É banquete e aos quartos
Tostado cozinha pratos:
Aperitivo ou lagostas?
Cheio de miolo e côdeas
Faz açorda de coentros.

© Ró Mar | 2020

domingo, 9 de agosto de 2020

SERMOS, EIS A QUESTÃO?


Mote:


O mundo só pode ser
Melhor que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

© António Aleixo 

***

SERMOS, EIS A QUESTÃO?


I

Se todos nos unirmos
Numa reconstrução
Com alma e coração
 [Valerá sempre a pena
Ter em mãos a novena],
Com mais vontade de fazer
Do que de bem parecer,
 Que faz todo o sentido 
E nada será perdido,
"O mundo só pode ser..."

II

Melhor do que já somos
Só pode dar bons frutos,
Que colheremos juntos;
Pois, então semeemos
Por aí tudo o que somos,
Não esperes rubi
Ou outro que não daqui!
Mãos à terra querida
Construiremos outra vida,
"Melhor que até aqui."

III

Vem, ainda que não saibas
 Como mudar o teu fado,
Como salvar o mundo?
Tens as janelas abertas
Para outras descobertas,
Vem fazer acontecer;
Vem connosco aprender
A fazer outra poesia
E serás toda a mestria
 "Quando consigas fazer!"

IV

O melhor que és em tudo 
Faz toda a diferença
E faz com que se cresça
A harmonia do futuro;
 Num elo frutífero
A poesia que há em ti
E que eu também reparti
Fazendo todos felizes
[Embora haja alguns deslizes],
"Mais p'los outros que por ti!"

© Ró Mar | 2020

sábado, 8 de agosto de 2020

"QUERO UM MOTE PRA VIVER"


"QUERO UM MOTE PRA VIVER"


Alguém disse que pedir:
"Quero um mote pra viver"
Iria redimir o sentir
E reconstruir o ser!

Na típica desgarrada:
"Quero um mote pra viver"
Eu não encontro vida
Que vala a pena viver;

Pois, todos precisamos
De ter sentido de ser
E não de pregarmos:
"Quero um mote pra viver!"

Quando se perde o norte
Há que fazer por merecer
Dando mais do que a sorte:
"Quero um mote pra viver."

© Ró Mar | 2020

Mote de Jay Wallace Mota:
"Quero um mote pra viver"

AS CINCO ESTRELAS DO DIA


AS CINCO ESTRELAS DO DIA


Quando acordas há sol
Porque também há saúde,
Há núcleo de amizade
E o amor de verdade,
O que vem da Terra à Lua;

Quando o dia é de sol
A manhã é primavera,
 A tarde é de verão
E a noite serão
Para contemplar a lua;

Quando em todos há sol
Há também paz p'lo mundo
Criando laços de vida
E o sonho tem sentido
Que perpetua p'la lua;

Quando na terra há harmonia
A natureza é poesia
Que bebe 'frescas' na fonte
Daquela felicidade
Que dá mais beleza mar...

Toda a água é límpida
E o respirar... ar puro
Porque o amor é fogo
Qu' arde no céu da boca
E faz-me voar a Marte...

As cinco estrelas do dia
São janelas do ser,
São os cinco sentidos
Em movimento contínuo
No horizonte do querer...

Com as cinco estações
Do ano pra acontecer,
Sim há cinco estações
Pra viver, quer faça sol
Ou chuva há sempre mais uma!

Nesta vida de passagem
O melhor da viajem
É o trem com mais de cinco
Carruagens pra guardar
As bagagens do amor...

Todos os compartimentos
Ventilados d' almas mor,
Para o coração
Respirar os sentimentos
De sol num dia à janela

Luzindo movimentos
Nas 'frescas' que dão cor
E magia a momentos
Que perpetuam o mar
P´lo céu passando por Marte.

© Ró Mar | 2020

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

CORTE E COSTURA


CORTE E COSTURA


Anda a agulha e o dedal a martelar
A costura para uma boa cozedura
Esquecendo que o segredo é a estrutura
Duma medida certa para modelar!

Anda a tesoura aos ziguezagues a ver
Onde pode cortar mais rente a costura
Esquecendo do giz e alfinetes da cultura,
Que é arte e oficio e tem muito a haver!

Houve tempos de mestria e orgulho
Em cozer à mão, bainha de rolinho
Na saia plissada a dar vida ao corpete;

E as nervuras de tanta hora! Ah, o brilho
Que se perdeu com o progresso, torvelinho
Da indústria que mal prega o colchete!

© Ró Mar | 2020

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

AS RAÍZES DA POESIA


AS RAÍZES DA POESIA


"E sendo um dia a mais que vai e morre"
É um triste destino que consome
Todos os que persistem em subir a torre
Sem escalar dia-a-dia o que some...

É degrau a degrau, um passo à vez
E de vez enquanto, que o subir
Tem o seu préstimo e solidez,
Pra ousar ao ultimo degrau ir;

Vem à ideia a borboleta a voar
Sem destino, de que serve as asas
Se a alma não as acompanhar?

O que importa mais um dia viver
Quando os sentimentos são as casas
Desabitadas da raiz por nascer?

© Ró Mar | 2020/08/06

1° verso de Vitor Castanheira:
"E sendo um dia a mais que vai e morre"

AS RAÍZES DA POESIA

 

AS RAÍZES DA POESIA


"Como querendo ter esta senhora"
Em seu viver, como se fosse cura
Para todos estes males d' agora,
Que vão espantando a secura...

Duma humanidade desprovida
De essência e dom pra fazer poesia
Do nada; acrescentar mais luz à vida
Sem querer ser mais do que a melodia;

Todos a querem possuir e viver
Nela, mas, ela não se deixa iludir
Por qualquer ser que diz ser um poeta;

A semente que nasce em cada ser
Tem raiz nos imortais e pra coexistir
Connosco a colhemos violeta.

© Ró Mar | 2020/08/06

1° verso de Vitor Castanheira:
"Como querendo ter esta senhora"

AS RAÍZES DA POESIA


AS RAÍZES DA POESIA


"De num poema voar, sempre a direito,"
Aflorando a raiz da existência
Num momento de luz a preceito
Escrevo a verdadeira essência;

Tudo o que me vai n' alma ao ritmo
Do vento, inspirado pela musa,
Tem encanto redobrado do intimo
E do infinito na vida Lusa.

Numa breve melodia descrevo
O que foi, o que é e o que será meu e teu,
Sempre a voar p'la natureza a eito;

E sem querer as sílabas são relevo,
Que voa p'los telhados até ao céu,
Da transparência que há em meu peito.

© Ró Mar | 2020

1° verso de Vitor Castanheira:
"De num poema voar, sempre a direito,"

terça-feira, 4 de agosto de 2020

VONTADES DE AMAR




VONTADES DE AMAR


Na natureza verde ouro 
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que vejo e sinto 
Tem o dom apaixonado 
Da essência dum fado, 
Pressinto no suspirar;

P'la terra onde nasci:
Nação verde-azul 
Banhada de norte a sul,
Cresci nela e no mar...

Na natureza verde ouro 
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que aprendi e sei
Tem sido minha bagagem
Pra seguir esta viagem 
Até onde sei do mar;

P'lo rio Tejo cresço
E sinto o Sol na minh' alma,
O esplendor que m' acalma
E floresço pra sonhar...

Na natureza verde ouro 
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que vivi e amei
Tem-me dado o alento
Pra compor o momento
Breve que sei recordar;

P'lo amor que lhe tenho,
Por mais triste olhar sou
Grata, o dia acordou
E contenho o desabar...

Na natureza verde ouro 
O tesouro é singelo 
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que escrevo e pinto
Tem-me amado tanto
E é tamanho encanto,
Por instinto vejo mar;

P'lo azul ondeando
O ser navega salgado
Tal o ar apaixonado,
Escrevendo a sonhar...

Na natureza verde ouro 
O tesouro é singelo 
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

© Ró Mar | 2020

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

SEMPRE POR AQUI

 


SEMPRE POR AQUI


Sempre por aqui, o mesmo espaço,
O mesmo ritual e teu abraço?
Tão perto, tão longe a expressão,
Labareda de meu coração,
Saudade minha, a vida que refaço;

Se vives em mim, se eu te abraço,
O ano passado é o meu laço;
Há um luar em cada estação,
                     Sempre por aqui...

Ah, o tempo parou neste espaço!
O mesmo minuto e um compasso
Circulando os ponteiros do sótão,
Onde guardo a minha paixão;
Se o sol aparece, se eu te abraço,
                       Sempre por aqui?

© Ró Mar | 2020/08/03

NA MINHA RUA


NA MINHA RUA


Na minha rua ao virar da esquina
Há um rio de verde prateado,
Que vejo à janela ao virar a cortina
E dá para um leque verde prado...

Onde poiso o azul (cor da retina)
A descansar sereno no povoado,
A banhar-se nas águas, que imagina
Da casta vista, deleitado no relvado;

E florescem as pedras da calçada
Em passos delicados de salto raso,
Num pestanejar é vista alcançada.

Na minha rua florida está a amada
A olhar p'lo Tejo, porque o caso
É outro e eu abraço-a consolada.

© Ró Mar | 2020

domingo, 2 de agosto de 2020

O SABOR DA MANHÃ




O SABOR DA MANHÃ


O sabor da manhã tem natureza
Fresca que dá certo gosto trincar,
Numa boca serena tanta beleza
Irradia o dia num amar...

Amar a vida com delicadeza
E firmeza de um singelo olhar,
Completar a essência de certeza
Que há luz própria para o realçar;

Há que amar sempre a natureza
E dela colher os frutos sãos,
Os rebentos que têm certa pureza...

Pureza que há entre as mãos
Cheias de sentimentos e leveza,
Florescendo os caminhos irmãos.

© Ró Mar | 2020

sábado, 1 de agosto de 2020

"OUVE-SE O RANGER DO CHÃO!"


"Ouve-se o ranger do chão!"


Quando o soalho é velho
E não há quem dê demão
Ao ler o Evangelho
"Ouve-se o ranger do chão!"

Quando a cabeça é oca
E o mundo escantilhão
Ao andar boca-a-boca
"Ouve-se o ranger do chão!"

"Ouve-se o ranger do chão"
Ao mínimo dum toque!
Dizem que é poluição
Ou a carne do bitoque?

Dentadura-a-dentadura
Há tanto vai-vem, são
Os postiços da armadura?
"Ouve-se o ranger do chão!"

© Ró Mar | 2020

Mote de Maria da Encarnação Alexandre:
"Ouve-se o ranger do chão!"

O CALOR DO VERÃO




O CALOR DO VERÃO


Ah, paira no ar o calor de agosto 
E há sol com vontade para ficar
Mais tempo do que havia suposto
No planeta que quiser habitar...

O calor do verão é composto
De certa aptidão para voar
P'los telhados num ar bem-disposto
E fazer o tempo presente de amar...

Num balão de ar ao pôr-do-sol
Há vida e prazer a acontecer
Para o dia fechar em bom lençol;

Num luar de estio ao amanhecer
Rompe o cetim ao arrebol
Numa canção bonita de ver...

© Ró Mar | 2020