SÃO MARTINHO
Estátua de São Martinho e o mendigo na fachada principal da Igreja do Mosteiro de Tibães em Braga, Portugal .
Obra de José Gonçalves
O MILAGRE DA NATUREZA
Ó castanha que dás tão rico alimento!
És o precioso fruto do castanheiro;
Cobiçada por tantos, sobejas cheiro;
Alegria a rodo, um manjar de vida!
Tua vez é o pão que não há;
Tua fonte é o ouriço, que milagre!
Tua semente é nutriente, o mais rico que há;
Vitamina e potássio, o essencial à vida.
Ó fruto real de abadias, monumento
Que adornas as mesas do momento!
O milagre da natureza que se cresce,
Princesa do inverno que nos aquece!
Teu santo de devoção é cavaleiro de religião,
O São Martinho pelo povo mui venerado.
Ó quanto calor à humanidade doado!
`Manto sagrado’, santo coração!
E, neste foliar de palavras digo que o amor
É a coisa mais linda e rara que há;
E, hoje é dia de festa e mui calor,
Há que viver em pleno o que a estação nos dá!
E, há fogueiras bem ateadas
Para castanha e demais assar
E o sol lés a lés, que pasmar!
Ah, quão belas `passeatas´!
É o afamado verão de São Martinho!
Vou-os deixar com carinho,
Pois, a grande festa do cavaleiro
Me espera, para saudar o companheiro.
E, lá vou eu até à Golegã ver o maravilhoso
Espetáculo de sangue Lusitano;
Universo magnânimo e mui vistoso;
É cavalo de boa raça, único e puritano!
A não perder, venham ver para crer!
E, neste meu crer, que não poderá deixar de ser,
A água-pé beber até mais não poder!
Pois, este meu ver é sol que há em mim a crescer;
Qual não deixa apodrecer a mais velha tradição!
E, vou nela até aos confins d' alma e coração;
E, tão gulosa que sou pela castanha nacional,
Tanto faz se é cozida ou assada! A festa é internacional!
Tanto se me dá se é branco ou preto,
Pode ser verde ou até palheto;
O que importa é seu brilho perfeito;
Haja sol hoje e sempre!
Não sei se comovo, pois, outros tempos são
Aqui em Portugal! Tentei dividir a palavra do coração
Convosco, para manter a tradição,
Em uso à humanidade, sempre.
Despeçais-vos do verão, saudeis o outono,
Brindeis ao inverno com vinho ou água-pé, néctar divino;
Sejais o orgulho do nosso hino!
E, é neste borbulhar que há primavera pelo ano.
Saudai-vos, é a glória e salvação
Sejais santos princípios na extensão da palavra à nação!
A vida é a gigantesca surpresa
E vós sois o milagre da natureza.
© RÓ MAR
Foto de Verónica Marques – Golegã -
Portugal
SÃO MARTINHO `O MILAGREIRO´
SOL DE PORTUGAL
São Martinho
Que no cavalgar
Investe a espada afiada, populações
Em seu manto, (que não sobejava);
Era a metade precisa pra calar
O gemido do pobre mendigo;
Um abençoado abrigo.
Tamanho coração!
Ó nosso aventureiro cavaleiro,
Espada em punho,
Cujo descanso luz, o `manto milagreiro´
Multiplicai o castanheiro!
Realidade concreta e sonho mais-que-perfeito,
`Sol´ irradiante, crédulo fenómeno
Que fez o mundo aprender a girar!
Uma nova vida pra caminhar.
Martinho, cavaleiro em profissão,
Virou da noite pró dia santo em vocação.
A religião, novo rumo ao seu alcance,
Luz que abraçou, sem crer atrás olhar;
Jesus agradeceu a grande dádiva,
O seu calor humano, e o glorificou,
Um quanto na bênção dos céus: santo...
Santo...trigo do faminto, a multiplicidade;
O salvador da humanidade.
Ó quanto amor!
Ao único santo não mártir, venerado por todos,
O título da igreja foi concedido,
P´lo tão grandioso coração.
Ó quanta devoção!
Seu povo o aclamou bispo, santo à humanidade
E São Martinho quase rejeitou.
Ó quanta humildade!
E a tradição, que remonta a antiguidade,
Se fez luz, vida, festa de multidões,
Na vila de Santarém,
Lá p´los tempos Marquês de Pombal;
Concursos hípicos, real arte equestre, performance.
Uma obra d´arte fenomenal!
São Martinho abençoado,
Que nos dá alegria a rodos!
É vê-los bem montados no cavalo,
Puro-sangue lusitano,
Lá p´los lados da Golegã. Novembro glorificado!
Cavaleiros e belas amazonas
Desfilam os seus trajes a rigor,
À antiga portuguesa,
No picadeiro internacional;
A velha história d´amor, tradicional.
Ó afamada vila de Santarém!
O museu Carlos Relvas
A igreja de nossa senhora da Conceição,
Terra fértil e lindas as paisagens que tem
As Lezírias do Tejo.
É a maior de Portugal,
O grande desejo da humanidade.
São Martinho
É o orgulho do povo português!
Um verão soberbo, o magusto,
(Fruto doce a saltar na brasa)
A castanha, qual é tão desejada p´lo freguês!
E o vinho das terras de Portugal,
Água-pé e tantos outros cá da casa;
A tão grande riqueza nacional;
Castas tão cobiçadas! Quanta grandeza
Pra regalar os olhos do estrangeiro!
É vê-los, lá na feira do cavalo,
A gargalhar felicidade.
Feira de São Martinho,
Feira da Golegã (a capital do cavalo);
Verão santo, alegria, confraternização,
Amor e devoção.
Que se celebra à boa mesa portuguesa,
Ao sabor do nosso precioso néctar.
Ó quanto orgulho nacional!
A nossa Golegã, terra abençoada;
`Coisas´ raras, uma certa beleza
E tamanha grandeza...
Paraíso universal.
© RÓ MAR