quinta-feira, 30 de outubro de 2014

QUALQUER COUSA QUE TEM REAL PALADAR


Arte - Van Gogh- Quinces, Lemons, Pears and Grapes, Autumn 1887 


QUALQUER COUSA 

QUE TEM REAL PALADAR


Verdes e ouros de essência tal, frutada,
Passeiam pinceis principados de vida;
Os que sabem decore os refinados
Gostos, tela que luz ventos alados.

Ledes campos dourados que bordam
Certas travessas, mesas de finesse,
Engravidam os lábios dos que as olham;
Tal é o talento, o coração não esquece!

Fermentados pasteis que certo artista
Degustou em clave Sol e vem-se à vista
Desarmada, transpõem outro Outono!

Qualquer cousa que tem real paladar,
Frutas da época ou não são os tons de amar,
Só a arte consagra e lhe concede o trono.

® RÓ MAR

DIZER-TE QUE… É MUITO POUCO!


Imagem - Bellissime Immagini 


DIZER-TE QUE… É MUITO POUCO!


Dizer-te que o Outubro está prestes a acabar
E que entre brincadeiras as bruxas rebolam
As abóboras-meninas de um final de mês;
Que o dia um de Novembro é os finados
E que vêem mais feriados
É muito pouco! 

Temos em frente um mês
De castanhas assadas ou piladas
E muito mais que o S. Martinho
Traz aos corredores das cidades
E erguem-se sementes pelos campos, que os enfeitam
De ervas e tais que erguem presépios lindos,
Algures nota-se rebentos de azevinho;
Crescem os pinheiros mansos que assentam
Em bom corte ao Dezembro que tem um lar!

Os ventos que embrulham este final de mês
Enrolam as folhas de Outono em chuvas várias
E o Inverno tece as pinhas que tentamos colorar
Para dar graça às mesas de nossos lares;
Perdem-se algumas pelos trigais que são alento
De tantos outros e o Natal está à porta do coração!

Dizer-te que ainda ontem era Primavera
E que esteve presente um Verão
Pelo raiar do Sol que cativou o Outono, sonho
Que desperta ao Inverno de amanhã, é muito pouco!

Dizer-te que a vida é um conjunto de falácias
Que se deleitam no paraíso da natureza
E deixam saudades arquitectadas em múltiplos sentidos,
Cousas que se perpetuam e não têm mês,
Nem ano certo a ser;
Têm algo, um nó que se fez beleza
Quando nossos corpos fecundaram o luar;
Talvez um Agosto ou um Setembro ensolarado
Que não foi arrefecido, quis ir mais além;
E, vai germinando
Pelo ar o vento cálido que tem o pensamento!

Dizer-te que foram alicerces de quimera
É muito pouco! Teve que ser o que era
E é talvez 
Um pouco mais que utopia; 
É a vida que tem suas partituras;
Consolidaram-se as folhas caídas, brochuras
Que o tempo não consegue ler
Talvez um dia 
Seja Primavera outra vez;
Talvez assim consiga expressar
O quanto tenho a dizer-te!

Por ora deixo-te o sopro do vento
Que vem em boa-hora, Verão;
S. Martinho vem abençoar
As terras de alguém!

© Ró Mar

terça-feira, 14 de outubro de 2014

ESQUINAS QUE ABASTECEM LARGAS RUAS!


Imagem - Bellissime Immagini 


ESQUINAS QUE ABASTECEM 

LARGAS RUAS! 


Amo sempre mais que a conta, defeito 
Que me sobra de pequena, meu jeito, 
Mais olhos que barriga, que fazer!? 
O tempo dirá os sonhos que irão ser! 

Vivo sempre o tempo que irá nascer, 
Que me tem ao colo desde pequena, 
E, passo os dias regalados, serena 
Pelo presépio que é meu tão parecer! 

Sou ser igual, equidistante e diferente 
Aos quais que passeiam pela vida da gente; 
Tenho as minhas ideias, não filosofias, 
Esquinas que abastecem largas ruas! 

® RÓ MAR 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MINHA QUERIDA, FLORES DE QUÃO LAÇOS!


Imagem - Beautiful world. Nature, love, art. 


MINHA QUERIDA, 

FLORES DE QUÃO LAÇOS! 


São singelas flores, minha querida, 
Embrulhadas em refinada seda; 
Tecida pelas camponesas da aldeia 
Que penteiam corações que têm à ideia. 

Níveas, tal a beleza que ais guardado, 
De olho amarelo, que sou enamorado; 
Escrevo nos teus olhos margaridas 
A mais linda estória de nossas vidas. 

São o símbolo de tais e quão segredos, 
Os que ouso desnovelar ao teu lado 
Pelo singelo abraço que une os namorados. 

Letras que quero que sintas nos braços; 
Reflexos de coração apaixonado, 
Minha querida, flores de quão laços! 

® RÓ MAR 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O OUTONO PELO ALPENDRE DE UMA SÓ CALMA


Imagem - Viktoria Mullin Photography


O OUTONO PELO ALPENDRE 

DE UMA SÓ CALMA


Quando o apagão surge há sempre um céu
Azul que acolhe a vida, um só chilrear
De alva luz, encolhe o temível breu;
Universos, sustenidos de encantar!

O Outono escreve pela pauta os mais belos
Poemas, o coração teima escutar
As letras musicadas pelos alvéolos;
Que ventos, engenhos doces de amar!

Linhas cor-de-rosa, que nem as penas,
Revoando pelo céu, bicos de nova alma;
Eis o sol das Primaveras de Atenas!

O Outono pelo alpendre de uma só calma
É diferente, traz anilhas de asas
Múltiplas, alegorias em quão praças!

© Ró Mar

OUTUBRO


Imagem - Vasko Tashkovski 


OUTUBRO


Outubro o décimo mês que a galope
Tem asas que abarcam folhas de Outono;
Traz mui ventos e chuvas em síncope;
Filho do vento cuja crina é trono;

Hastes que fogueiam aquele magusto
Que Novembro trará e que em seu busto
Modela premissas renas que ao Universo
Premiam Dezembro, Natal de quão verso!

® RÓ MAR