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VIVER
ANTES QUE A SAUDADE ME MATE
Quando a vida se enrosca no interior
A solidão invade a alma e o amor alastra
Pelo coração como que se quisesse sair
À rua para gritar aos quatro ventos…
Aquela saudade… que bate à porta…
Um som ensurdecedor… é a campainha
Que está meia-avariada, será mesmo!?
Ok. Clica-se na tecla emergente!
Coitado do p.c. tem que nos compreender
Sempre e sem direito a reclamar nada!
Abre-nos as janelas de direito…
A estadia pelos diversos universos:
São vistas raras, beijos de p.v.c. e outros;
São só palavras, algumas sem nexo.
São as palavras que abrem o coração
E deixam a alma partir por aí, voando
Por ali, por acolá, onde o amor é morada.
Caminhando de casa em casa bebe-se
Pelas fontes que se vê pelo caminho e vive-se
Esquecendo o som ensurdecedor
Da velha porta que inferniza o tempo
Que temos para ser e escuta-se o lindo chilrear
Dos coloridos passarinhos que em seus ninhos
Reinventam a primavera e os minutos eternos…
Mais além… uma outra vida que temos a viver
Para sermos libertos em todas as estações.
E, o coração fica mais pequenino,
Para caber no ecrã, as mãos alargam, dedos
Que crescem a nossa mente que voa
E viaja pelos monumentos… cidades
Que nos encantam e regalamo-nos
Rebolando pelos verdes prados a alma
Que se refastela nas praias paradisíacas
E vive-se as soberbas férias ao lado
De tantos amores… que maravilha!
De facto ficamos de olhos regalados
Com o que lê-mos ou melhor visualizamos
E sem tempo para ver tudo e participar
Em tanta iguaria… antídoto à saudade!
Ainda assim a vida continua enroscada
No interior e a solidão cresce-se
No ventre do nosso ser... pela alma
Que ainda teima em viver hiatos de amor.
E o amor… onde está o amor... na tela virtual!?
Que magia… quantos os sonhos, outrora de papel
E agora, num simples clique dá-se enter à vida.
Uma página que se escolhe e por direito
Vive-se a seu lado um outro e grande amor
Que nos prende à vida… que seja utopia
É o que faz bem e quanto mal também!
Será que sem ela se consegue viver
O desassossego… tentar adormecer
Contando carneiros, pois a noite é longa espera
E passar os dias a remediar as horas,
Até que a porta se cale, naquele ruído infernal!
Tenho a sensação que nos sentíamos
Mais um móvel da casa e sem arrumação para nada!
Neste outro universo encontramos prateleiras
E também gavetas de muita utilidade!
Que haja sempre páginas a virar
Para esquecer os momentos menos bons
Ou para recordar minutos de felicidade.
O clique está na moda e não faz nada mal!
A consciência vai e vem é o clique on/ off a valer
E memoriza-se um outro conhecimento…
O novo sentido de vida… o novo conceito de liberdade
Que adquire forma no espaço que é nosso.
O novo universo… onde o amor cabe bem,
Não transborda para lá do coração.
E a nosso jeito, temos a hipótese
De escolher o que queremos, quando queremos
E com quem partilhar informações e emoções…
O tempo passa ao lado despercebido
E dá novo rumo à vida esquecendo
A seu tempo o vínculo oriundo daquela saudade
Devastadora, que promove insónias…
Apesar que o seu olor penetrou a porta de casa
E isso é preocupante, sente-se um ar crónico!
E se e a saudade desiste e um dia vai embora!?
Não se sabe, o tempo dirá se veio para ficar.
Que a fé e a esperança estejam a nosso lado, aí se estão!
Pela janela entreaberta em que escrevo
Estas minhas palavras há mais espaço… ar
Em que respiro todas as minhas palavras
E tem um vento que vai e vem, num simples clique
Sei que está alguém a ler-me o coração
E a memorizar a minha outra alma.
Se escrevo prosa ou poesia pouco importa
O que conta é as emoções que vão além!
Quero eu dizer com isto que tenho espaço
Reservado a mim que é aberto ao universo
E enquanto a saudade não mata digo
Que o meu coração fica pequeno
Quando abraço esta vasta dimensão
E é perante este universo que encontro razão de ser.
Sabem uma coisa, a porta parou de bater
Talvez nem nunca tivesse batido,
O facto é que valeu a pena estar aqui!
Que seja refúgio o que importa é ser de bem,
A alma liberta-se e voa, pelos telhados virtuais,
Sem quebrar as asas, voa longe demais!
Hoje sei que as portas batem sempre,
Principalmente se há corrente de ar
Enquanto isso há janelas que se abrem para respirar…
E é desse ar que preciso para viver.
Sei também que é preciso viver a realidade
E deixar de ser uma sonhadora
Mas, se me sinto bem assim para quê mudar!?
Sei que viver é ser em constante mudança,
É pular os sonhos e viver realidades.
Mas, o que já vivi e tanto e quais realidades
Que nem quero mais… quero descansar
E dar lugar aos sonhos… outro viver…
Nem que seja universo temporário!
Viver antes que a saudade me mate.