PELOS VENTOS
DE MAIS UM OUTONO
Pelo plissar do ano bailam mui folhas
Em verdes ocres e mais carmins lacres
Que brotam parras d´uma estação d´oiro.
Vento e molhas de muitas chamas
Clamam pelo teu busto presente loiro
Em moldura singela de tão olhares.
Árvore tão desnuda que tateio minuciosamente,
Pois, não quero perder o gosto à primavera
E desejo sempre o inverno atenuar.
Sabor a vida que delicio sofregamente,
No único cálice, néctar divino.
Ápice que concedes, refrescar de verão,
Em goles de outono.
Brocado de quimera
Que o vento não te leve,
Pois, é mui calmo sono.
Uva moscatel que guardo em coração,
Navego em teu batel meu terno amar.
Sei que nada me pedes,
Mas, eu te peço: ama-me...
Enquanto ainda não chove;
Sabes, o que me consome é o frio, aquele gelo!
Abraça-me... pelo todo que sempre medes,
Quero ser o teu zelo
Pelos ventos de mais um outono.
© RÓ MAR