domingo, 28 de outubro de 2018

QUE LINDA ABÓBORA DE TENRA IDADE!


Imagem: SAi$ONS


QUE LINDA ABÓBORA 

DE TENRA IDADE!


Que linda abóbora a desafiar o outono!
Pesadota e bem rechonchuda, 
Brinda o final de outubro a mais um ano,
De cor laranja/ cenoura, sinal de vida.

Nossos olhos ficam alegres de tanta doçura,
O paladar fica apurado pra mais uma travessura.
Que o tempo de fruta madura nos enriqueça
O coração e sirva ao universo formosa travessa!

Nossos sonhos ficam mais próximos de todos
Quando temos algo bonito em que pensar
E mais reais quando temos o que festejar.
Que linda abóbora a versejar bons modos!

Nossos dias ficam maiores quando somos
Confrontados com tamanha realeza
E a vida rebola de mansinho pela beleza
Da estação, desfolhada a crassos gomos.

Nossas noites ficam mais iluminadas
Quando há ruas e casas imaginadas
E a cidade veste a soberba roupagem
Que leva mais um trinta e um de carruagem.

Halloween, Halloween! Grita a rapaziada.
Ouve-se o borborinho exclamando a cidade,
Num som tropical, de porta escancarada.
Que linda abóbora de tenra idade!

© Ró Mar

NÃO QUERO OUTRO JARDINEIRO…




EROTICAMENTE TUA…
NÃO QUERO OUTRO JARDINEIRO…


Desata as ligas do meu pensamento
E desnuda-me a cintura no gesto que o meu olhar te insinua,
Vem… devagar, estou louca e um pouco na lua.

Acaricia-me o umbigo na cálida saliva, o orvalho do momento
É a fonte dos nossos olhos e o rio dos nossos desejos…
Dedilha em frases loucas o meu corpo e aconchega os seios
Nas saraivadas que me humedecem o coração
E abrem os meus volúveis lábios à nossa paixão.

Sou hélice… eroticamente tua… 
A orbita sideral e tu és o mais-que-perfeito 
Astro que a involucra, revigoras a flor
No aveludado pólen que me esvai… somos o canteiro 
Perfeito… um Jardim a florescer no amor.

Sou eroticamente tua… 
Não quero outro Jardineiro
A saciar as fases da minha lua.

© Ró Mar

IN-CONSTANTE CORAÇÃO




IN-CONSTANTE CORAÇÃO



O vento que se abriga no meu caminho 
É de tantas cores… cinzas, azuis, violeta, rosa.
Há dias que sou tempestade
Em maré alta, outros nenúfares nas águas do mar.
A corrente que me abriga é só uma, mas, às vezes 
Desafio-a, soberba vontade…
Por vezes adormeço no silêncio da noite, 
Contemplando os cinzelados das nuvens a oiro e sonho,
Outras vezes salpico uns chuviscos, a saudade do luar.
Mas são tantas as vezes 
Que os meus olhos são labaredas fugazes, 
Sorrisos que se abrem ao mundo, a nascente do sol.
Sou a cada dia uma cor, não pela atmosfera do dia,
Não ligo muito a essas coisas, mas porque me invento.
Sou o que sou e amo ser tantas… ora menina, ora mulher,
Gata-borralheira e também princesa.
Vivo na maré das constelações, quando o sol 
Incide no meu chão é astro, quando o afasto
Sou nuvem, mas, passageira.
Tenho tantas qualidades e uma catrefada
De defeitos, mas a melhor virtude 
É ser In-Constante.
É uma surpresa tão recompensadora acordar 
E viver um dia de cada vez 
Com a certeza que ele é o primeiro e único dia 
Da nossa vida, mesmo que seja de pesadelo, 
Não me é relevante;
As rosas são belas e tantos espinhos e o vento 
Leva as folhas que envelhecem o dia e volta no novo dia
Com outras tantas de aroma a Primavera. 
Sou tantas, e sou feliz assim… é o meu modo de olhar 
A natureza que faz dela mais sóbria.
Estamos no Outono e às vezes
Nem reparo, não porque não o veja, nem quero ver, 
Ver cansa-me os olhos, gosto de sentir a alma a voar 
Firme e leve no espaço como uma folha sem estação.
Sou uma eterna apaixonada…
No casebre ou no castelo 
A alma brilha graças ao In-Constante coração.

© Ró Mar

ERAM OS TEUS OLHOS, NADA MAIS...


Imagem: Anyes Galleani, Open ArtGroup @


ERAM OS TEUS OLHOS, NADA MAIS...



Eram os teus olhos, nada mais... Amei-te… amaste-me, amámos-nos simplesmente pelo fértil imaginário dos nossos olhos e nada mais.

Bebes-te o meu sal, na avidez d’ um rio, percorreste o mar da minha alma, como se ele fosse a única corrente fecunda do Oceano. Cruzámos-nos nos salgados e doces olhares e amámos-nos com toda a ondulação da maré alta. Fomos o desejo, o saciar… o céu das águas vibraram em tonalidades de azuis e verdes, as cores dos nossos pensamentos. Foi um momento único que os olhares castanhos se beijaram no azul e verde de dois corações apaixonados. Chamaste-me Linda, querida, sereia, a mulher mais bela do Oceano, apenas um momento de intenso ardor que flamejou a chama do amor. Eram os teus olhos, nada mais, tudo não passou d’ uma ilusão óptica, o que sentimos foi o reflexo do olhar que se deslumbrou pelo sonho, pelo desejo de amar um ser perfeito, pela avidez do instinto compulsivo. Os nossos olhos castanhos comungaram nas ondas do horizonte em aromas agridoces na mais perfeita harmonia. As nossas íris alargaram-se à volúpia do pensamento e o nosso olhar percorreu a beleza e sensualidade do Universo. Amei-te… amaste-me, amámos-nos simplesmente pelo fértil imaginário dos nossos olhos e nada mais.

domingo, 21 de outubro de 2018

É NATAL!




É NATAL! 

ENTÃO, QUE SEJA NATAL! 



É Natal! Então, que seja Natal! 
Época a reflexão e também partilha 
Dum mundo comum ou tradicional, 
Alma a Jesus, pra nossa maravilha. 

Época de sonhos de gente miúda, 
Alegrias e tormentas de outras gentes, 
Uns tem tudo, outros nada têm, na vida! 
Dê a sua palavra prós fazer contentes. 

Faça acontecer o Natal p' lo mundo 
Sentindo a sua mensagem numa poética 
Que enobreça esperança e amor! Ah, saúdo 

"Salvador" p' la passagem vigilante 
Aqui p' la minha amada terra e gente! 
A quadra de Natal é época mágica. 

© Ró Mar 


II 

"A quadra de Natal é época mágica"
Sinto eu e sentirá muito mais gente! 
Faça por aqui a luta antitabágica 
Para que outra gente fique consciente. 

Mas, pode-se falar de algo demais, 
Para que ele "Cancro" seja banido 
E que ninguém dê por aqui os seus ais. 
Votem nisso todo o vosso sentido! 

É Natal e uma véspera a ano novo 
Faça por ser, fazer gente feliz! 
É isso que Deus pra nós quis e renovo. 

Lembre-se do ser que é mais infeliz 
Ao passar tormentos de certo modo, 
Faça crescer a força do denodo. 

© Armindo Loureiro 


III 

"Faça crescer a força do denodo"
Que se honre o Amor e a fraternidade!...
D´Alguém que veio a este Mundo de modo
Humilde. Orando p´la humanidade!...

Nasceu numa gruta vil em Belém,
Mui pobre, na tão bela noite fria,
Jesus, Filho de José e Maria;
Estrela brilhando por Jerusalém…

Os anjos lá do alto inda estão cantando
É Natal! Nasceu o Deus Menino…
Repostam os sinos em sintonia:

E o meu coração está sangrando…
Tal cântico! Onde o presépio é hino…
Eterno… narrando pulcra poesia!... 

© Helena Martins 

Sonetos Do Universo | 2017

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O U T U B R O


Imagem: J'ad' OR  


O U  T  U  B  R  O


O décimo mês é certamente

U m início d' estação d' outono -

T empo ventoso que a gente sente!

U ma guitarra desfolhando vida,

B eijocas verde-oiro à partida,

R uiva lembrança d' um outro ano -

O fim do verão é tempo presente!