IN-CONSTANTE CORAÇÃO
O vento que se abriga no meu caminho
É de tantas cores… cinzas, azuis, violeta, rosa.
Há dias que sou tempestade
Em maré alta, outros nenúfares nas águas do mar.
A corrente que me abriga é só uma, mas, às vezes
Desafio-a, soberba vontade…
Por vezes adormeço no silêncio da noite,
Contemplando os cinzelados das nuvens a oiro e sonho,
Outras vezes salpico uns chuviscos, a saudade do luar.
Mas são tantas as vezes
Que os meus olhos são labaredas fugazes,
Sorrisos que se abrem ao mundo, a nascente do sol.
Sou a cada dia uma cor, não pela atmosfera do dia,
Não ligo muito a essas coisas, mas porque me invento.
Sou o que sou e amo ser tantas… ora menina, ora mulher,
Gata-borralheira e também princesa.
Vivo na maré das constelações, quando o sol
Incide no meu chão é astro, quando o afasto
Sou nuvem, mas, passageira.
Tenho tantas qualidades e uma catrefada
De defeitos, mas a melhor virtude
É ser In-Constante.
É uma surpresa tão recompensadora acordar
E viver um dia de cada vez
Com a certeza que ele é o primeiro e único dia
Da nossa vida, mesmo que seja de pesadelo,
Não me é relevante;
As rosas são belas e tantos espinhos e o vento
Leva as folhas que envelhecem o dia e volta no novo dia
Com outras tantas de aroma a Primavera.
Sou tantas, e sou feliz assim… é o meu modo de olhar
A natureza que faz dela mais sóbria.
Estamos no Outono e às vezes
Nem reparo, não porque não o veja, nem quero ver,
Ver cansa-me os olhos, gosto de sentir a alma a voar
Firme e leve no espaço como uma folha sem estação.
Sou uma eterna apaixonada…
No casebre ou no castelo
A alma brilha graças ao In-Constante coração.
© Ró Mar