Ah! Os tempos ancestrais,
Que têm mais encanto
São artes artesanais,
Que têm engenho e canto;
Gentes do povo com brio
No trabalho, cantadeiras,
Que dão alegria ao rio,
São as belas lavadeiras;
São as águas fluentes,
Que limpam a sujidade
Da roupa de todas as gentes
Nos campos ou na cidade,
Que no rio ou nalgum tanque
Esfregam escuro e branco,
Sem que alguma cor desanque,
Com sabão azul e branco;
A brancura que estendem
P'lo arvoredo é estendal
De letras, que elas entendem
E nós vem-nos à ideia a tal:
"Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol." (*)
E é o que nos resta a "Aldeia
Da Roupa Branca", que exposta
Ao Sol aquece a plateia
Na franja da Beatriz Costa.
Ah! Os tempos ancestrais,
Que têm mais encanto
São arte e ofícios geniais,
Que a preto e branco têm canto;
Gentes do povo com brio
No trabalho, cantadeiras,
Que dão alegria ao rio
São as belas lavadeiras,
Que no rio ou nalgum tanque
Esfregam escuro e branco,
Sem que nada se desanque,
Com sabão azul e branco.
© Ró Mar | 2020
(*) - quadra do poema, canção do filme :
"Aldeia da Roupa Branca" | Beatriz Costa