CHUVA DE MAR
I
Fim de dia à beira-mar
Lendo o universo por instinto
Perco-me no labirinto...
Há pontes e encruzilhadas
Por estas marés salgadas,
Reais, apesar de estar
A pensar como sonhar
Com a bela natureza
Numa singela leveza
Peculiar do lugar;
II
Entretanto, o café esfria
E sem querer o mar vai
Nas ondas do sol, que sai
Pra lá deste horizonte
Em busca da sua fonte,
Onde encontro poesia
Que celebra a fantasia
Que me mantém por aqui,
Pois, eu não sou daqui
Nem minha caligrafia!
III
E a meio do oceano,
Xícara meia-vazia
E o pensar que dizia
Que a maré ia a meio
Caminho, num passeio
Ao longo do ano
Desenho o quotidiano,
Com trezentas e sessenta
E cinco velas, qu´inventa
Outra tecla ao piano;
IV
A melodia afinada
À luz dum simples farol
Traz ao mar arrebol
E o sonho acontece
Na xícara que m´aquece,
Onde cai a madrugada
À beira-mar, na esplanada,
O coração avigora
A alma por mais uma hora,
Chuva de mar que tem vida.
© Ró Mar | 2020