Fotografia de Ró Mar
DESENHAR!
I
Desenhou-se a luz do dia
P'lo passeio dum acaso,
Grelha que subiu o meu raso
Olhar e me prosseguia
Ao limiar do céu, que erguia!
Parou o tempo por ali,
Por instinto orei dali:
-Se ele me amasse tal sou!
O Cristo-Rei me abraçou,
Como se fosse daqui!
II
Ainda assim, o dia clareou
Como que havendo mais vida
E tal paisagem erguida
De mansinho se instalou
Em outro campo que sou!
Onde sempre existe pontes
E um rio por todas as fontes!
Sempre no mesmo lugar,
P'la outra margem a andar,
Vivi outros horizontes!
III
Quanto, nem queria pensar!
Havia a saudade de Lisboa,
Daquela alma de Pessoa
E do que me fez parar.
-Ah, até faz bem arejar!
Corava de céu aberto,
Mundos havia descoberto
E o tempo sobrevoava!
A luz que me orientava
(O Sol) foi e a noite por perto!
IV
-Ah, falha-me alguma vista,
O passeio já sem brilho!
-E, qual será o meu trilho?
-Eis a vez de ser realista,
Mas, sonhar faz o artista!
Como que a reencaminhar
O regresso sem desabar,
Com toda a força e coragem
Para prosseguir a viagem
Que se haverá de desenhar!
Ró Mar | 2021/09/10