segunda-feira, 22 de novembro de 2021

MEU OFEGO DOU!


Fotografia de Ró Mar 


MEU OFEGO DOU!


"Já não sei de onde vim nem onde estou,"
Na ausência desmedida espero o sossego
Do meu desassossego, sei que sou
Parte dum tempo de pouco aconchego!

S' ao menos encontrasse o desapego
Ao que já não é, nos meandros do que sou!
No silêncio ensurdecedor a que chego,
A pausa merecida, meu ofego dou!

Ah, era meio caminho par' a claridade
Desta minha existência conturbada,
Por tal escassez de infância e puberdade!

E, se soubesse encontrar uma pousada
De bússola pronta, achar-me-ia na idade!
"De o não saber, minha alma está parada."

© Ró Mar | 22/11/2021

Fernando Pessoa: "Já não sei de onde vim nem onde estou,"; 
"De o não saber, minha alma está parada."