quinta-feira, 10 de setembro de 2020

CHUVA DE MAR




CHUVA DE MAR


I
 
Fim de dia à beira-mar 
Lendo o universo por instinto
Perco-me no labirinto...
Há pontes e encruzilhadas 
Por estas marés salgadas,
Reais, apesar de estar
A pensar como sonhar
Com a bela natureza
Numa singela leveza
Peculiar do lugar;

II

Entretanto, o café esfria
E sem querer o mar vai
Nas ondas do sol, que sai
Pra lá deste horizonte
Em busca da sua fonte,
Onde encontro poesia
Que celebra a fantasia
Que me mantém por aqui,
Pois, eu não sou daqui
Nem minha caligrafia!

III

E a meio do oceano,
Xícara meia-vazia 
E o pensar que dizia
Que a maré ia a meio
Caminho, num passeio
Ao longo do ano
Desenho o quotidiano,
Com trezentas e sessenta 
E cinco velas, qu´inventa
 Outra tecla ao piano;

IV

A melodia afinada
À luz dum simples farol
Traz ao mar arrebol
E o sonho acontece
Na xícara que m´aquece,
Onde cai a madrugada
À beira-mar, na esplanada,
O coração avigora 
A alma por mais uma hora,
Chuva de mar que tem vida.

© Ró Mar | 2020