terça-feira, 12 de setembro de 2017

VOU VIVER O DIA AO SABOR DO VENTO COM OS MEUS COMIGOS


Imagem - Ernestino. Opera con pennarello by Laura Girardello 


VOU VIVER O DIA AO SABOR DO VENTO 

COM OS MEUS COMIGOS


Hoje não quero falar de nós.
Porque falar de nós é povoar o dia, inutilmente,
Com algo que não existe.

Hoje não quero falar de nada,
Quero perceptar e abraçar o dia, tal como se apresente,
Sentir-me viva. Quiçá amada
Pelo vento, sei que ele espera o anoitecer para beijar
O travesseiro, em que descanso meu pensar,
De um azul de tinta permanente.

Hoje sei que não sou nada igual a outrora.
O que o tempo fez comigo, ou, o que eu não fiz 
Pelo tempo é passado, nada mais importa nesta hora
Senão o que quero agora e isso só assim se diz!

Hoje sei que quero sentir o dia,
Perceber o que tem para me dar sem consumir a voz,
Sem que lhe dê algo em troca, nem que seja por um dia, 
Quero ter o previlégio de ser amada.

Só quem sente a presença de algo interiormente
Pode dizer que é abençoado, e, eu hoje sei que o sou.
E, assim desfrutarei o dia, perdidamente,
Sem ter que mendigar gota-a-gota pelo oceano, vou...

Adeus ao amor impossível, adeus à vida passada,
Adeus às falas fúteis, adeus aos falsos amigos,
Adeus ao mundo de outrora. Adeus... nós é nada,
Vou viver o dia ao sabor do vento com os meus comigos.

© Ró Mar